Inteligência Artificial da NASA monitora tsunamis em tempo real e salva vidas

Guardian da NASA detecta tsunamis antes de chegarem à costa (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Guardian da NASA detecta tsunamis antes de chegarem à costa (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Detectar tsunamis enquanto ainda estão em mar aberto sempre foi um desafio crítico para a segurança costeira. Recentemente, a combinação de inteligência artificial com dados de satélites de navegação global permitiu que cientistas acompanhassem, em quase tempo real, um tsunami gerado por um terremoto de magnitude 8,8 em Kamchatka, Rússia, no verão de 2025.

Em minutos, alertas de evacuação foram enviados a milhões de pessoas no Pacífico, incluindo 2 milhões somente no Japão, reduzindo riscos antes da chegada das ondas, que atingiram até 1,7 metro no Havaí. Essa experiência demonstrou o potencial de monitoramento precoce usando a atmosfera como indicador do movimento do oceano. Principais recursos do sistema Guardian:

  • Analisa mudanças na ionosfera provocadas por tsunamis;
  • Detecta eventos em tempo quase real, antes que ondas atinjam a costa;
  • Integra inteligência artificial para identificar anomalias automaticamente;
  • Também pode monitorar erupções vulcânicas, testes nucleares e lançamentos de foguetes.

Como a ionosfera revela tsunamis

Quando grandes massas de água se movem no oceano, mesmo que imperceptíveis no alto mar, criam ondulações atmosféricas. Essas perturbações alteram a densidade de elétrons na ionosfera, camada situada entre 48 e 306 km acima da Terra.

Ondulações na ionosfera permitem alertas rápidos de tsunamis (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Ondulações na ionosfera permitem alertas rápidos de tsunamis (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Os sinais de satélites GPS e de navegação sofrem atrasos específicos ao atravessar essas áreas ionizadas. O Guardian interpreta essas alterações como indicadores de tsunamis em formação, fornecendo minutos preciosos para evacuação e preparação das comunidades costeiras.

Impacto e perspectivas futuras

O Guardian não substitui boias oceânicas nem sismógrafos, mas amplia a capacidade de alerta precoce, especialmente em tsunamis que percorrem grandes distâncias. Cada minuto de antecipação pode significar vidas salvas.

Além disso, projetos europeus já estão testando sistemas similares, capazes de monitorar oceanos distantes, como o Índico, e ampliar o alcance para eventos naturais e provocados pelo homem. Futuramente, a tecnologia poderá não apenas detectar, mas também prever o comportamento das ondas, indicando altura, velocidade e pontos de impacto na costa.

O avanço representa um passo crucial na proteção de populações e na gestão de desastres, aproveitando dados atmosféricos e espaciais para transformar a resposta a tsunamis em minutos, não horas.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.