Insulina glargina chega ao Brasil e abre caminho para produção nacional

Brasil recebe lote que prepara produção nacional de insulina. (Foto: Getty Images via Canva)
Brasil recebe lote que prepara produção nacional de insulina. (Foto: Getty Images via Canva)

O Brasil deu um passo decisivo rumo à autonomia no tratamento do diabetes tipo 2. A chegada do primeiro lote de insulina glargina, que será futuramente produzida em território nacional, representa um marco estratégico para o sistema público de saúde e para milhões de pessoas que dependem desse medicamento diariamente.

Avanço estratégico para o tratamento do diabetes

O país recebeu mais de dois milhões de unidades de insulina glargina, resultado de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo que envolve transferência de tecnologia para Bio-Manguinhos, da Fiocruz. Embora a fabricação nacional ainda não tenha começado, a estrutura necessária já está em fase avançada.

Esse movimento fortalece a segurança terapêutica, pois diminui a vulnerabilidade a oscilações do mercado internacional e a possíveis crises de abastecimento. Além disso, amplia o acesso dos pacientes do SUS que dependem de terapias de longa ação para controle glicêmico.

Como funcionará a produção futura

Glargina chega para ampliar acesso e estabilidade no SUS. (Foto: Getty Images via Canva)
Glargina chega para ampliar acesso e estabilidade no SUS. (Foto: Getty Images via Canva)

Com a conclusão da transferência de tecnologia, a unidade instalada no Ceará deve alcançar uma capacidade estimada entre 30 e 40 milhões de unidades por ano. Esse volume permitirá atender uma grande parte da demanda brasileira.

A iniciativa envolve a colaboração entre Fiocruz, Biomm e a empresa chinesa Gan&Lee, uma das maiores produtoras globais de insulina. Entre os benefícios esperados estão:

  • Redução de custos a médio prazo
  • Maior independência de fornecedores internacionais
  • Estabilidade no fornecimento ao SUS
  • Possibilidade de ampliação de tratamentos ofertados

Demanda crescente e impacto nacional

O Brasil tem hoje cerca de 20 milhões de pessoas com diabetes, sendo uma parcela significativa composta por pacientes com o tipo 2, que pode exigir insulina de longa ação para manter o controle glicêmico adequado.

A distribuição inicial do novo lote será seguida por outra remessa prevista de 4,7 milhões de unidades até o fim do ano, totalizando quase sete milhões entregues ao país. Esse reforço será essencial enquanto a produção nacional não começa.

Por que a insulina glargina é tão importante?

A insulina glargina é uma formulação de ação prolongada que mantém níveis estáveis de glicose por mais tempo, o que reduz picos glicêmicos e facilita o controle diário da doença. Ela já faz parte do tratamento do diabetes tipo 1 e agora será incorporada também à rotina terapêutica do tipo 2 pelo SUS.

Entre suas vantagens estão:

  • Liberação contínua e previsível
  • Menor risco de hipoglicemia
  • Mais praticidade para o paciente

Perspectivas para os próximos anos

Com investimentos federais que ultrapassam 131 milhões de reais apenas em 2025, o país sinaliza uma estratégia sólida para ampliar o acesso a terapias essenciais. Quando a produção nacional estiver em pleno funcionamento, o Brasil deve atingir um nível de autonomia inédito no fornecimento de insulinas.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.