IA revoluciona detecção de microplásticos e alcança precisão recorde de 98%

IA alcança 98% de precisão na identificação de microplásticos mistos (Imagem: SivStockMedia/ Canva Pro)
IA alcança 98% de precisão na identificação de microplásticos mistos (Imagem: SivStockMedia/ Canva Pro)

A poluição por microplásticos é um dos desafios ambientais mais urgentes do século XXI. Invisíveis a olho nu, essas minúsculas partículas estão em todos os ecossistemas, da água potável aos alimentos que consumimos. Agora, um avanço inédito com inteligência artificial (IA) promete transformar a forma como os cientistas identificam e classificam esses poluentes microscópicos.

Pesquisadores dos Institutos de Ciências Físicas de Hefei, na Academia Chinesa de Ciências, desenvolveram um método de aprendizado profundo capaz de elevar a precisão da classificação de microplásticos mistos para 98%, segundo artigo publicado no Microchemical Journal. Essa conquista representa um salto significativo frente aos métodos tradicionais, que sofriam com limitações na interpretação de sinais espectrais.

Principais destaques do novo método:

  • Utiliza espectroscopia infravermelha para analisar amostras complexas;
  • Aplica um módulo de atenção CBAM para refinar os dados espectrais;
  • Emprega uma rede neural convolucional de dois ramos, maximizando o aprendizado;
  • Identifica características espectrais ocultas que antes passavam despercebidas;
  • Garante precisão recorde de 98%, superando técnicas anteriores.

Como a IA redefine a análise de poluentes invisíveis

O novo modelo se baseia em mecanismos de atenção neural, que permitem que o algoritmo “observe” as partes mais relevantes de cada espectro. Essa abordagem é comparável a uma lente de aumento que se ajusta dinamicamente, destacando detalhes antes ignorados.

Novo algoritmo revoluciona a análise de poluição por microplásticos (Imagem: SivStockMedia/ Canva Pro)
Novo algoritmo revoluciona a análise de poluição por microplásticos (Imagem: SivStockMedia/ Canva Pro)

No processo, o módulo CBAM (Convolutional Block Attention Module) atua em duas etapas complementares. Primeiro, o sistema identifica os canais mais importantes das amostras analisadas. Depois, localiza regiões espaciais críticas dentro desses canais, gerando um mapa de atenção capaz de realçar as características fundamentais de cada tipo de microplástico.

Essa combinação de técnicas permite que a IA detecte até pequenas variações químicas e físicas nas partículas, algo essencial para entender sua origem e comportamento no meio ambiente.

Impacto científico e ambiental

O estudo não apenas aprimora a classificação automatizada de microplásticos, mas também oferece um novo padrão para pesquisas ambientais. Ao reduzir erros e aumentar a sensibilidade das análises, o método pode acelerar diagnósticos de contaminação em rios, oceanos e cadeias alimentares.

Além disso, a aplicação de modelos de IA como esse reforça a importância de combinar ciência de dados e sustentabilidade, criando ferramentas mais eficazes para monitorar poluentes emergentes. À medida que novas variantes de plástico continuam a surgir, métodos inteligentes como esse se tornam vitais para proteger a saúde humana e o equilíbrio ecológico.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.