Hormônios podem explicar maior vulnerabilidade feminina à ansiedade

Ciclo menstrual pode aumentar vulnerabilidade à ansiedade. (Foto: Doucefleur's via Canva)
Ciclo menstrual pode aumentar vulnerabilidade à ansiedade. (Foto: Doucefleur's via Canva)

A saúde mental das mulheres é fortemente influenciada por alterações hormonais ao longo da vida reprodutiva. Estudos mostram que períodos de flutuação hormonal aumentam significativamente o risco de depressão e ansiedade, tornando o monitoramento e cuidado psicológico essenciais.

Fases críticas do ciclo reprodutivo

Certas fases da vida feminina apresentam maior vulnerabilidade:

  • Período pré-menstrual: flutuações de estrógeno e progesterona podem causar irritabilidade, ansiedade e alterações de humor.
  • Gestação e pós-parto: alterações hormonais intensas podem contribuir para depressão perinatal, afetando 10–20% das gestantes (Journal of Affective Disorders, 2023).
  • Perimenopausa: queda gradual de estrógeno está associada a sintomas depressivos e ansiedade elevada (Psychiatry Research, 2024).

Estudos mostram que mulheres em fase pré-menstrual ou perimenopausa têm até 2–3 vezes mais chance de desenvolver sintomas depressivos comparadas a homens na mesma faixa etária.

Evidências científicas recentes

Gestação e pós-parto afetam saúde mental de mulheres. (Foto: TrueCreatives via Canva)
Gestação e pós-parto afetam saúde mental de mulheres. (Foto: TrueCreatives via Canva)

Uma pesquisa publicada na revista Psychiatry Research (2024) analisou dados de mais de 20.000 mulheres e confirmou que alterações hormonais cíclicas aumentam a vulnerabilidade à depressão e à ansiedade

Outro estudo transversal em mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP), publicado no Journal of Affective Disorders (2024), indicou que as variações hormonais são um fator chave para sintomas depressivos e ansiedade nesse grupo, evidenciando a importância da regulação hormonal na saúde mental.

Mecanismos biológicos envolvidos

O impacto dos hormônios na saúde mental está relacionado a:

  • Estrógeno e progesterona: modulam neurotransmissores como serotonina e dopamina, que regulam o humor.
  • Flutuações hormonais: podem alterar o equilíbrio neuroquímico, provocando irritabilidade, ansiedade e depressão.
  • Sensibilidade individual: algumas mulheres apresentam maior reatividade a alterações hormonais, tornando-as mais suscetíveis a transtornos mentais.

Em resumo, os hormônios funcionam como moduladores do sistema nervoso central, e qualquer desequilíbrio pode refletir diretamente no estado emocional.

Estratégias de prevenção e cuidado

Para reduzir o impacto das flutuações hormonais na saúde mental:

  • Acompanhamento médico e psicológico durante períodos críticos (pré-menstrual, perinatal, perimenopausa)
  • Terapias hormonais e farmacológicas, quando indicadas
  • Práticas de autocuidado, como exercício físico, alimentação equilibrada e sono adequado
  • Monitoramento de sintomas emocionais para intervenção precoce

As alterações hormonais são um fator determinante para a maior vulnerabilidade feminina a transtornos mentais. Com base em pesquisas recentes, fica claro que estrógeno e progesterona influenciam diretamente neurotransmissores ligados ao humor, reforçando a necessidade de atenção específica e intervenções precoces para garantir o bem-estar psicológico das mulheres.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.