Hipertensão infantil cresce no mundo; veja medidas preventivas

Pressão alta em crianças cresce globalmente. (Foto: Boonpong's Images via Canva)
Pressão alta em crianças cresce globalmente. (Foto: Boonpong's Images via Canva)

Nos últimos 20 anos, a prevalência de hipertensão infantil quase dobrou, passando de 3,2% em 2000 para 6,2% em 2020, afetando 114 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo

Os dados, publicados na revista The Lancet Child & Adolescent Health, revelam um problema crescente que exige atenção de pais, escolas e profissionais de saúde. Entre os fatores principais, destaca-se a obesidade, associada a quase 19% dos casos de pressão alta entre jovens com excesso de peso.

Embora muitas crianças com peso saudável apresentem menor risco (cerca de 4%), o aumento global evidencia a necessidade de detecção precoce e intervenções efetivas para evitar complicações cardiovasculares na vida adulta.

Obesidade e hábitos alimentares

A alimentação moderna, rica em ultraprocessados, açúcares, sódio e gorduras, combinada com o sedentarismo, tem acelerado o surgimento de hipertensão em crianças. Estudos mostram que crianças obesas têm quase oito vezes mais risco de desenvolver pressão alta do que aquelas com peso saudável.

Principais fatores de risco incluem:

  • Dietas ultraprocessadas e fast food frequente
  • Sedentarismo e falta de atividade física regular
  • Consumo precoce de álcool e tabagismo em adolescentes
  • Estresse crônico e sono irregular

Essa combinação aumenta a probabilidade de resistência à insulina e alterações nos vasos sanguíneos, tornando mais difícil manter a pressão arterial em níveis seguros.

Pré-hipertensão e hipertensão mascarada

Alimentação saudável protege o coração das crianças. (Foto: Getty Images via Canva)
Alimentação saudável protege o coração das crianças. (Foto: Getty Images via Canva)

Nem toda elevação de pressão é detectada em consultas rotineiras. Monitoramento domiciliar e ambulatorial indicam que a hipertensão sustentada atinge cerca de 6,7% das crianças, enquanto a pressão alta mascarada pode afetar até 9,2%, evidenciando um subdiagnóstico preocupante.

Além disso, a pré-hipertensão, ou pressão ligeiramente elevada, é especialmente prevalente durante a adolescência, atingindo até 11,8% dos jovens, comparado a cerca de 7% em crianças menores.

Detecção precoce

O início da hipertensão costuma ser assintomático, tornando essencial medir a pressão arterial a partir dos 3 anos de idade, principalmente em crianças com sobrepeso ou histórico familiar de hipertensão.

Para prevenção e controle:

  • Incentivar atividade física regular, buscando pelo menos 150 minutos semanais
  • Reduzir consumo de alimentos ultraprocessados e sal
  • Garantir sono de qualidade e rotina adequada
  • Monitorar peso e crescimento de forma contínua
  • Promover educação nutricional em casa e na escola

A triagem periódica permite identificar precocemente crianças em risco, prevenindo complicações futuras como infarto e acidente vascular cerebral na vida adulta.

Uma abordagem coletiva e preventiva

A hipertensão infantil não é apenas um desafio individual, mas uma questão de saúde pública. Políticas que promovam alimentação equilibrada, incentivo à prática de esportes e educação sobre hábitos saudáveis são fundamentais.

O cuidado com a saúde cardiovascular desde cedo é, portanto, um investimento em adultos mais saudáveis. Pais, educadores e profissionais de saúde devem trabalhar juntos para criar ambientes que promovam bem-estar físico e emocional, reduzindo os riscos de pressão alta e suas consequências ao longo da vida.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.