Gripe aviária resistente ao calor alerta para risco de pandemia, diz estudo

Variantes aviárias desafiam a resposta febril humana. (Foto: Maria Sbytova via Canva)
Variantes aviárias desafiam a resposta febril humana. (Foto: Maria Sbytova via Canva)

Uma descoberta recente em estudos sobre a gripe aviária revelou um gene que torna algumas cepas extremamente perigosas para humanos. Publicado na pesquisa conduzida por equipes da Universidade de Cambridge e da Universidade de Glasgow, o estudo demonstra que o gene PB1 permite que o vírus continue a se replicar mesmo diante da febre, nossa principal defesa natural. 

Essa característica pode explicar por que certas variantes causam quadros clínicos severos e reforça a necessidade de monitoramento constante e vigilância epidemiológica.

Como o vírus ignora a febre

O gene PB1 é uma peça genética que mantém a replicação do vírus ativa mesmo quando a temperatura corporal humana aumenta.

  • Enquanto a gripe humana comum perde força perto de 40 °C, o vírus aviário continua ativo
  • A adaptação ocorre porque aves, hospedeiros naturais, possuem temperatura corporal entre 40 °C e 42 °C
  • Esse mecanismo aumenta a gravidade da infecção em humanos

O estudo publicado no New Atlas detalha como essa adaptação biológica torna o vírus mais resistente que o da gripe sazonal, tornando a febre praticamente ineficaz.

Genética e risco de pandemias

Mutação PB1 aumenta risco de surtos e pandemias. (Foto: Julio Lacerda via Pexels)
Mutação PB1 aumenta risco de surtos e pandemias. (Foto: Julio Lacerda via Pexels)

O vírus da gripe A possui oito segmentos genéticos que podem se recombinar quando diferentes cepas infectam a mesma célula. Isso significa que o gene PB1 de origem aviária pode migrar para vírus humanos, aumentando o risco de novas pandemias.

  • Misturas genéticas explicam pandemias históricas como as de 1957 e 1968
  • O gene PB1 pode permitir que vírus aviários escapem de defesas naturais
  • Vigilância contínua é crucial para prevenir surtos graves

Esse entendimento é essencial para a preparação de pandemias e desenvolvimento de políticas de saúde pública.

Casos recentes reforçam alerta

Embora raros, episódios de infecção humana por gripe aviária podem ser severos.

  • Um caso recente nos Estados Unidos envolveu a cepa H5N5, resultando em óbito
  • Variantes históricas como H5N1 apresentaram mortalidade superior a 40%
  • Esses eventos destacam a necessidade de monitoramento rigoroso de cepas aviárias

A análise do gene PB1 ajuda a explicar porque algumas cepas causam doença grave e reforça a importância de pesquisa contínua e vigilância epidemiológica global.

PB1 revela falhas da febre contra o vírus aviário

A descoberta do gene PB1 no vírus da gripe aviária traz insights essenciais sobre:

  • Por que algumas cepas ignoram a febre humana
  • Como a recombinação genética aumenta o risco de pandemias
  • A importância de vigilância e monitoramento de variantes aviárias

Estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade de Cambridge e Universidade de Glasgow, publicados no New Atlas, reforçam que compreender a genética viral é vital para a preparação contra futuras ameaças à saúde humana.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.