Gergelim amazônico pode mudar o tratamento de AVC, Alzheimer e Parkinson

Gergelim amazônico inspira novo neuroprotetor natural. (Foto: Zerbor via Canva)
Gergelim amazônico inspira novo neuroprotetor natural. (Foto: Zerbor via Canva)

Uma semente comum no prato dos brasileiros pode esconder um potencial extraordinário para a medicina. O gergelim amazônico, estudado pelo biomédico e neurocientista Walace Gomes Leal, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), deu origem a um neuroprotetor natural com resultados promissores contra AVC, Parkinson e Alzheimer

O composto, desenvolvido após quase duas décadas de pesquisa, já demonstrou eficácia em reduzir lesões cerebrais e poderá, em breve, chegar ao mercado.

Inovação que nasce do conhecimento tradicional

O ponto de partida foi o estudo das práticas medicinais de comunidades amazônicas, onde o gergelim da espécie Sesamum indicum é utilizado há gerações. 

A análise científica confirmou que suas lignanas antioxidantes têm ação intensa contra a neuroinflamação e o estresse oxidativo, dois dos principais mecanismos envolvidos na morte de neurônios. Essa combinação faz do composto um candidato poderoso à proteção cerebral de longo prazo.

Como o composto protege o cérebro

Semente amazônica mostra poder contra doenças neurológicas. (Foto: Pixabay via Canva)
Semente amazônica mostra poder contra doenças neurológicas. (Foto: Pixabay via Canva)

O novo neuroprotetor é obtido por meio da prensagem controlada das sementes de gergelim, preservando suas moléculas bioativas. Em testes laboratoriais, o produto reduziu significativamente a área de lesão cerebral em animais submetidos a modelos de AVC.

Seus principais mecanismos de ação incluem:

  • Redução da inflamação neural;
  • Bloqueio da propagação do dano inicial;
  • Proteção de neurônios saudáveis próximos à área afetada;
  • Atuação antioxidante, que evita a morte celular precoce.

Diferente dos tratamentos convencionais, que exigem aplicação imediata após o AVC, o novo composto pode ser administrado até 24 horas após o evento, uma vantagem crucial para pacientes em regiões com acesso médico limitado.

Um futuro promissor para a neuroproteção

Como é derivado de um alimento, o composto apresenta baixo risco de toxicidade e pode futuramente ser usado como suplemento preventivo. A pesquisa já passou por testes de segurança e eficácia em laboratórios credenciados pela Anvisa e segue para ensaios clínicos em humanos. O projeto conta com apoio da Embrapii, Sebrae e investidores privados, somando cerca de R$ 3 milhões em investimentos.

Se aprovado, esse será o primeiro neuroprotetor natural produzido a partir de uma planta da Amazônia, consolidando o bioma como um dos maiores reservatórios de soluções terapêuticas do planeta.

A ciência brasileira, mais uma vez, mostra que o conhecimento local aliado à pesquisa pode transformar desafios de saúde global em inovações acessíveis e sustentáveis.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.