A capacidade das plantas de prosperar em diferentes ambientes tropicais pode estar ligada a algo invisível a olho nu: o tamanho de seus genomas. Pesquisadores do Jardim Botânico Tropical de Xishuangbanna (XTBG), na China, descobriram que a variação no DNA dentro de uma mesma espécie, a planta hexaploide Rorippa indica, desempenha papel crucial na adaptação a condições tropicais estáveis e quentes.
O estudo, publicado na revista Physiologia Plantarum, integrou citometria de fluxo, filogeografia baseada no plastoma, análise de sequências repetitivas e experimentos de transplante recíproco, revelando padrões naturais de expansão genômica que favorecem o sucesso reprodutivo.
- Amostra de 952 indivíduos de 97 populações diferentes analisada;
- Tamanho do genoma correlaciona-se com latitude, clima e história da linhagem;
- Linhagens tropicais apresentaram genomas consistentemente maiores;
- Expansão genômica ligada a amplificação de rDNA 45S e retrotransposons Ty1;
- Experimentos de transplante mostraram maior produção de sementes em genomas maiores.
Por que genomas maiores dão vantagem nos trópicos?

A pesquisa demonstrou que genomas maiores não são apenas curiosidades biológicas; eles fornecem vantagens adaptativas mensuráveis. Em ambientes tropicais, onde as condições são relativamente estáveis, plantas com genomas maiores produziram significativamente mais sementes, sugerindo que a expansão do DNA facilita a reprodução eficiente e a sobrevivência.
Essa relação entre tamanho do genoma e ambiente indica que certas sequências de DNA, como retrotransposons e rDNA 45S, desempenham papel funcional na adaptação. A presença dessas sequências repetitivas permite que as plantas ajustem seu metabolismo e crescimento de forma mais eficaz às condições climáticas locais.
Aquecimento global e implicações ecológicas
Estudos como este ajudam a compreender como variação genética intraespecífica influencia a resiliência de plantas frente às mudanças ambientais. Populações com genomas maiores podem se beneficiar mais sob aquecimento global, já que sua capacidade de produzir sementes e se adaptar ao calor tropical é maior.
Essas descobertas não apenas explicam padrões de diversidade biológica nos trópicos, mas também fornecem pistas valiosas para conservação, agricultura e manejo de ecossistemas tropicais. Compreender o papel do tamanho do genoma pode orientar estratégias para proteger espécies vulneráveis em um clima em transformação.

