Durante celebrações como a véspera de Ano Novo ou a Noite da Fogueira, os céus urbanos se enchem de luzes e ruídos intensos. Embora espetaculares para humanos, esses eventos causam sofrimento significativo às aves urbanas, provocando alterações no comportamento e na rotina natural.
Pesquisas recentes da Universidade Anglia Ruskin (ARU), publicadas na revista Behaviour, demonstraram que corvídeos urbanos, como corvos-cinzentos, gralhas-pretas e gralhas-de-bico-vermelho, apresentam respostas comportamentais intensas aos fogos de artifício. Antes mesmo do início dos shows principais, as aves já demonstram sinais de estresse e perturbação.
Principais efeitos observados nas aves:
- Voos erráticos e mudanças rápidas de direção;
- Abandono de locais de repouso habituais;
- Concentração em áreas incomuns, longe de seu habitat usual;
- Aumento do gasto energético, prejudicando saúde e reprodução;
- Desorientação noturna, aumentando risco de colisões.
Esses comportamentos indicam medo e estresse prolongado, com potencial impacto na sobrevivência das aves durante períodos críticos do ano.
Como o ruído e a luz afetam a fauna
O barulho intenso e a poluição luminosa gerados pelos fogos de artifício são suficientes para desencadear respostas de fuga e ansiedade mesmo antes da contagem regressiva. Pesquisas com gansos e pássaros canoros mostram que esses animais voam mais alto, se deslocam mais longe e têm alterações no padrão de sono, confirmando que o impacto vai muito além do momento do espetáculo.

Além disso, dados de radar meteorológico revelam que o número de aves em voo pode aumentar mil vezes na véspera de Ano Novo, evidenciando a magnitude do fenômeno.
Implicações para a conservação urbana
Os efeitos negativos dos fogos de artifício não se restringem às aves; eles também afetam animais domésticos e gado, reforçando a necessidade de conscientização pública. Medidas simples podem reduzir significativamente o impacto, como:
- Utilizar fogos de artifício silenciosos ou de baixo ruído;
- Limitar a duração dos espetáculos;
- Escolher locais distantes de áreas densamente habitadas;
- Incentivar campanhas de educação ambiental;
- Estabelecer regulamentações mais rigorosas sobre o uso de fogos.
Grupos de proteção animal, como a RSPCA, já promovem alternativas mais seguras e campanhas de sensibilização para proteger a vida selvagem urbana.
Reflexos na vida selvagem e pesquisas futuras
O estudo da ARU reforça evidências crescentes sobre o impacto negativo dos fogos de artifício na fauna. Com base nas observações em Berlim, é provável que cidades do Reino Unido e de outros países enfrentem efeitos semelhantes. Compreender esses padrões é essencial para desenvolver políticas urbanas e eventos culturais que minimizem os riscos às aves e promovam a convivência harmoniosa entre humanos e animais.
A conscientização sobre esses impactos permite não apenas preservar a biodiversidade urbana, mas também promover celebrações mais sustentáveis e seguras para todos os seres vivos.

