Falta de prevenção expõe cães a doença cardíaca grave

Mosquitos transmitem o verme do coração em cães. (Foto: Getty Images via Canva)
Mosquitos transmitem o verme do coração em cães. (Foto: Getty Images via Canva)

A dirofilariose, conhecida popularmente como verme do coração, continua sendo uma ameaça grave à saúde dos cães, apesar de existir prevenção eficaz, acessível e amplamente recomendada. Um estudo recente publicado na revista científica Frontiers of Veterinary Science revelou um dado preocupante: menos de 40% dos cães avaliados recebiam tratamento preventivo no início do acompanhamento.

A pesquisa faz parte do Golden Retriever Lifetime Study, um dos maiores estudos longitudinais já realizados com cães, financiado pela Morris Animal Foundation e conduzido por pesquisadores da Lincoln Memorial University. O objetivo foi identificar quais fatores influenciam a adesão à prevenção contra a dirofilariose ao longo da vida dos animais.

Uma doença evitável que ainda ameaça cães

A dirofilariose é causada por parasitas transmitidos pela picada de mosquitos. Após a infecção, as larvas migram pelo organismo e se instalam principalmente no coração e nos pulmões, onde podem crescer até 30 centímetros de comprimento. O resultado é um quadro progressivo que pode levar a danos irreversíveis, insuficiência cardíaca e até à morte.

Embora existam testes diagnósticos modernos e tratamentos mais seguros, o processo terapêutico costuma ser longo, caro e desgastante para o animal. Por isso, a prevenção contínua é considerada a estratégia mais eficaz e segura.

Quais são os cães menos protegidos?

Ao analisar os dados, os pesquisadores perceberam que alguns grupos de cães tinham menos chance de receber medicamentos preventivos contra a dirofilariose. Entre eles estavam:

  • Cães de maior porte, especialmente os mais altos do grupo analisado
  • Animais que não eram castrados
  • Cães que utilizavam suplementos com frequência

Por outro lado, a prevenção era mais comum entre os cães que:

  • Tomaram outras vacinas no último ano
  • Receberam diagnóstico de alguma doença infecciosa
  • Tiveram problemas recentes de ouvido, nariz ou garganta

Esses resultados indicam que quanto maior o contato do tutor com o veterinário, maior tende a ser a adesão aos cuidados preventivos completos, incluindo o uso regular de medicamentos contra o verme do coração.

Clima e mosquitos ampliam o risco

Profilaxia protege coração e pulmões dos cães. (Foto: Getty Images via Canva)
Profilaxia protege coração e pulmões dos cães. (Foto: Getty Images via Canva)

Outro ponto crítico destacado pelo estudo é o impacto das mudanças climáticas. O aumento das temperaturas tem prolongado a temporada de mosquitos em diversas regiões, ampliando o risco de transmissão ao longo de todo o ano.

Prevenir é mais simples e mais barato

Além de proteger a saúde do animal, a prevenção representa uma redução significativa de custos quando comparada ao tratamento da doença instalada. Medicamentos profiláticos mensais ou anuais são amplamente disponíveis e têm alto índice de eficácia quando usados corretamente.

Os pesquisadores indicam que os dados obtidos podem ajudar veterinários a identificar grupos com maior risco de não adesão, aprimorar a comunicação com tutores e ampliar campanhas educativas.

Próximos passos da pesquisa

A equipe científica pretende expandir o estudo para:

  • Avaliar outras raças além do golden retriever
  • Analisar o impacto do custo dos medicamentos
  • Investigar a influência do vínculo entre tutor e animal
  • Compreender melhor o papel do uso de suplementos

Essas informações podem ser decisivas para melhorar a adesão à prevenção e reduzir a incidência de uma doença que, embora grave, é amplamente evitável.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.