Quando pensamos em vida extraterrestre, imediatamente imaginamos planetas próximos a estrelas. No entanto, estudos recentes sugerem que luas de planetas errantes, mundos que vagam sem estrela hospedeira, também podem manter condições habitáveis. Isso ocorre graças ao aquecimento de maré, um fenômeno em que a gravidade do planeta hospedeiro estica e comprime sua lua, gerando calor interno capaz de manter água líquida.
Pesquisadores Viktória Fröhlich e Zsolt Regály, do Instituto Astronômico Konkoly Thege Miklós, exploraram a dinâmica dessas exoluas e suas implicações para a vida, com artigo publicado na Astronomy and Astrophysics. Seus modelos indicam que, mesmo após eventos extremos como explosões de supernovas, essas luas podem permanecer gravitacionalmente ligadas aos planetas, mantendo órbitas elípticas que alimentam o aquecimento de maré. Principais descobertas do estudo:
- Exoluas permanecem ligadas a planetas errantes mesmo após supernovas;
- Excentricidade orbital aumentada gera aquecimento de maré sustentado;
- 12% a 15% das luas errantes alcançam aquecimento comparável a Europa e Encélado;
- Estabilidade por bilhões de anos, mantendo potencial habitabilidade;
- Trânsitos e microlentes gravitacionais podem permitir futura detecção dessas luas.
Aquecimento de maré como fonte de energia oculta
O aquecimento de maré é crucial para manter água líquida em luas excêntricas orbitando planetas massivos. Simulações mostram que, para excentricidades acima de 0,1 e distâncias maiores que 0,01 UA, a energia gerada é suficiente para sustentar oceanos subterrâneos estáveis, mesmo sem luz solar. Em comparação, a Lua da Terra tem excentricidade de apenas 0,0549, destacando o potencial energético dessas luas errantes.

Uma das grandes descobertas é que explosões de supernova tipo II, que ejetam planetas de seus sistemas, geralmente não arrancam suas luas. As órbitas se tornam excêntricas, mas permanecem estáveis o suficiente para gerar aquecimento contínuo. Para planetas com órbitas excêntricas preexistentes, a excentricidade das luas pode chegar a 0,88, garantindo bilhões de anos de energia térmica.
Com base nas simulações, essas luas excêntricas representam alvos promissores para a busca por vida. Em termos de urabilidade, condições mínimas físicas, químicas e energéticas para o surgimento da vida, elas oferecem ambientes estáveis, com água líquida e calor constante, sem depender de uma estrela hospedeira.
Observação e pesquisas futuras
Detectar exoluas ainda é um desafio, mas novas tecnologias, como o Telescópio Nancy Grace Roman e o Observatório Vera Rubin, prometem mudanças. Trânsitos planetários e microlentes gravitacionais podem revelar essas luas ocultas, abrindo caminho para uma nova compreensão de sistemas planetários e habitabilidade.
Em síntese, as luas de planetas errantes desafiam conceitos tradicionais de vida extraterrestre. Elas demonstram que habitabilidade não depende exclusivamente de estrelas, expandindo o plano de busca por mundos habitáveis em toda a galáxia.

