O avanço da tecnologia espacial trouxe milhares de satélites artificiais à órbita da Terra. Embora esses dispositivos sejam essenciais para comunicação, navegação e monitoramento, o crescimento acelerado da frota ameaça seriamente a observação astronômica. Um estudo publicado na revista Nature alerta que, no ritmo atual, 96% das imagens capturadas por telescópios terrestres e espaciais podem ser comprometidas, dificultando a identificação de asteroides e outros fenômenos raros. O impacto é potencialmente devastador para a astronomia moderna:
- Interferência em imagens ópticas, prejudicando observações de galáxias, asteroides e cometas;
- Confusão de rastros de satélites com corpos celestes, comprometendo descobertas;
- Redução da qualidade de dados para telescópios terrestres e espaciais;
- Dificuldade na detecção de fenômenos raros, como explosões de raios gama;
- Risco crescente com o aumento do número de satélites, que pode chegar a 1 milhão.
Simulações revelam o risco para telescópios modernos
Para avaliar o impacto, pesquisadores realizaram simulações computacionais envolvendo quatro telescópios em órbita baixa, entre 160 e 2 mil km da superfície. Entre eles estão instrumentos operacionais, como o Hubble e o SPHEREx, e projetos futuros, como o Xuntian da China (2026) e a missão ARRAKIHS da ESA (2030).

As simulações cobriram 18 meses de observações, variando a quantidade de satélites em órbita. Os resultados mostraram:
- Com 560 mil satélites, entre 40% e 96% das imagens podem ser prejudicadas;
- Com 1 milhão de satélites, uma foto poderá exibir mais de 160 rastros, confundindo os astrônomos.
Além de imagens comprometidas, a poluição espacial dificulta a detecção de fenômenos raros, como explosões de raios gama ou novos corpos celestes.
Desafios e soluções para preservar a astronomia
O cenário exige cooperação internacional para gerenciar a ocupação do espaço sem comprometer pesquisas científicas. Entre as possíveis medidas estão a coordenação entre empresas e governos para otimizar órbitas, a limitação de lançamentos em períodos críticos de observação e o desenvolvimento de tecnologias que minimizem o reflexo e os rastros dos satélites. Sem essas ações, a expansão de satélites pode reduzir drasticamente a qualidade de imagens astronômicas, limitando a compreensão do universo.

