Estudo sugere que Ozempic reduz sensação de estar bêbado

Ozempic pode mudar reação do corpo ao álcool. (Foto: Pixelshot via Canva)
Ozempic pode mudar reação do corpo ao álcool. (Foto: Pixelshot via Canva)

Os medicamentos usados para controle do peso e diabetes tipo 2, como Ozempic, Wegovy, Mounjaro e Saxenda, estão chamando atenção por um possível efeito inusitado. Um estudo recente do Instituto de Pesquisa Biomédica Fralin, da Virginia Tech, aponta que essas substâncias podem alterar a forma como o corpo processa o álcool, reduzindo tanto a sensação de embriaguez quanto o desejo de beber.

Publicada na revista Scientific Reports, a pesquisa indica que os agonistas de GLP-1, grupo de fármacos presente nas chamadas “canetas emagrecedoras”,  retardam a absorção do álcool na corrente sanguínea. Com isso, quem usa esses medicamentos tende a ficar menos bêbado e a consumir menos bebida ao longo do tempo.

Como o corpo reage ao álcool com GLP-1

Pesquisa aponta novo efeito das canetas emagrecedoras. (Foto: DAPA Images via Canva)
Pesquisa aponta novo efeito das canetas emagrecedoras. (Foto: DAPA Images via Canva)

De forma simplificada, os medicamentos com GLP-1 diminuem a velocidade do esvaziamento do estômago, fazendo com que o álcool leve mais tempo para alcançar o sangue. Essa digestão mais lenta muda toda a resposta do organismo à bebida, o aumento gradual do teor alcoólico faz com que os efeitos típicos da embriaguez sejam menos intensos e mais curtos.

Durante o estudo, participantes que utilizavam as medicações relataram menor sensação de tontura e euforia, além de menos vontade de continuar bebendo após ingerir a mesma quantidade de álcool que o grupo de controle.

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Possível novo caminho contra o alcoolismo

Embora a pesquisa ainda seja preliminar e envolva um grupo reduzido de voluntários, os resultados apontam para um potencial terapêutico interessante. Diferente dos remédios convencionais usados no tratamento do alcoolismo, como naltrexona e acamprosato, os fármacos com GLP-1 agem antes de o álcool atingir o cérebro, atuando diretamente na absorção da substância.

Essa diferença de mecanismo pode abrir novas possibilidades para terapias futuras, especialmente para quem busca reduzir o consumo de álcool de forma gradual e segura.

Além de ajudar no controle do peso corporal e da glicose, os agonistas de GLP-1 podem, no futuro, também contribuir para diminuir o impacto do álcool no organismo, unindo dois benefícios em um único tratamento.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.