Estudo revela teto metabólico do corpo em atletas de resistência

Corpo humano tem teto metabólico em atividades intensas. (Foto: Aflo Images via Canva)
Corpo humano tem teto metabólico em atividades intensas. (Foto: Aflo Images via Canva)

Um estudo publicado na revista Current Biology analisou 14 atletas de elite, corredores de ultramaratona, triatletas e ciclistas, durante semanas e meses de treinamento intenso, identificando um teto metabólico que o corpo humano pode manter a longo prazo.

Durante exercícios de curta duração, os atletas atingiram taxas de seis a sete vezes a taxa metabólica basal (TMB), o equivalente a queimar entre 7 mil e 8 mil calorias em um único dia. No entanto, quando observados por períodos prolongados, o gasto médio se estabilizou em cerca de 2,4 vezes a TMB, indicando um limite sustentável biologicamente.

O que é taxa metabólica basal e por que importa

A TMB representa a energia mínima necessária para manter funções vitais em repouso, como respiração, regulação da temperatura e funcionamento dos órgãos. O estudo demonstra que, embora seja possível “acelerar” o gasto energético em treinos intensos, o corpo adota mecanismos compensatórios para impedir níveis excessivos contínuos.

Entre essas estratégias estão:

  • Redução de movimentos involuntários ou atividades físicas espontâneas
  • Maior tempo de sono ou descanso involuntário
  • Ajustes em processos metabólicos não relacionados ao exercício intenso

Esses mecanismos garantem que, mesmo em atividades extremas, o organismo proteja funções essenciais e evite sobrecarga prolongada.

Explosões de energia versus sustentabilidade

Corpo ajusta funções para manter energia sob controle. (Foto: Aflo Images via Canva)
Corpo ajusta funções para manter energia sob controle. (Foto: Aflo Images via Canva)

O estudo indica que momentos de gasto energético extremo são possíveis, mas manter esse nível por semanas ou meses é biologicamente inviável. Para atletas de elite, sustentar acima de 2,4 vezes a TMB requer compensações que podem impactar recuperação, saúde e desempenho.

Mesmo em praticantes ocasionais, essa descoberta reforça a importância de:

  • Constância e progressão gradual nos treinos
  • Recuperação adequada entre sessões
  • Equilíbrio entre intensidade e volume de exercício

Esses cuidados ajudam a otimizar resultados sem comprometer a saúde ou o rendimento a longo prazo.

Implicações para o esporte e saúde geral

O limite de gasto energético é relevante tanto para atletas profissionais quanto para qualquer pessoa que pratique atividade física regularmente. Entender até onde o corpo consegue sustentar energia elevada ajuda a planejar treinos mais seguros, evitar sobrecarga e melhorar desempenho de forma eficiente e saudável.

Além disso, reforça que o organismo humano é altamente adaptativo, ajustando funções automáticas para proteger-se durante esforços extremos, e que o equilíbrio entre intensidade, frequência e descanso é fundamental para resultados duradouros.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.