Estudo revela idade exata em que o cérebro funciona no auge

Conhecimento cresce mesmo após os 60 anos. (Foto: Oksana Vector Art via Canva)
Conhecimento cresce mesmo após os 60 anos. (Foto: Oksana Vector Art via Canva)

Acreditar que o auge da mente acontece na juventude é um mito que pesquisadores vêm desconstruindo. Um estudo publicado na revista Intelligence analisou mais de 67 mil pessoas com idades entre 12 e 69 anos, avaliando traços de cognição, personalidade e bem-estar emocional

Os resultados desafiam a ideia de que apenas a memória e a velocidade de raciocínio definem a performance cerebral.

Equilíbrio entre perdas e ganhos

Embora habilidades como memória e processamento rápido de informações comecem a declinar após os 30 anos, outras capacidades continuam a se desenvolver por muito mais tempo. Aspectos como:

  • Autoconhecimento
  • Estabilidade emocional
  • Consciência e julgamento moral

apresentam melhorias contínuas até a terceira idade. Essa interação entre perdas e ganhos cria uma curva de desempenho em formato de sino, que atinge o auge entre 55 e 60 anos, antes de uma redução gradual após os 65 anos.

Competências que florescem com a maturidade

Maturidade aprimora julgamento e emoções. (Foto: Berkay 08 via Canva)
Maturidade aprimora julgamento e emoções. (Foto: Berkay 08 via Canva)

A pesquisa evidencia que a experiência e a maturidade são fatores essenciais para funções cognitivas complexas, como:

  • Tomada de decisões estratégicas
  • Controle emocional
  • Julgamento ético e moral

Isso reforça que, mesmo com declínio em algumas funções cognitivas, o cérebro compensa com habilidades aprimoradas em outras áreas, mostrando que a idade traz vantagens que a juventude não oferece.

Pico de cada traço cognitivo

O estudo detalhou a idade em que cada habilidade atinge seu ponto máximo:

  • Raciocínio, memória e velocidade de processamento: 18 anos
  • Empatia cognitiva: 25 anos
  • Abertura a novas experiências: 35 anos
  • Inteligência emocional: 40 anos
  • Gentileza: 50 anos
  • Conhecimento, conscienciosidade e educação financeira: 65 anos
  • Estabilidade emocional e raciocínio moral: 75 anos
  • Resistência ao viés do custo irrecuperável: 80 anos

Esses dados indicam que o desenvolvimento cerebral não é linear. Enquanto algumas habilidades surgem cedo, outras amadurecem apenas com experiência e vivência.

Implicações para saúde e envelhecimento

Além de desafiar conceitos tradicionais sobre envelhecimento, os resultados destacam a importância de políticas de saúde preventiva. Mudanças metabólicas, inflamatórias e vasculares no cérebro podem contribuir para o declínio cognitivo após os 60 anos, reforçando a necessidade de estilos de vida saudáveis e atenção contínua à função cerebral.

Este estudo, conduzido por pesquisadores como David Weiss e publicado na revista Intelligence, mostra que o verdadeiro auge da atividade cerebral não ocorre na juventude, mas sim entre os 55 e 60 anos, impulsionado por um equilíbrio entre experiência, conhecimento e competências emocionais. 

Mais do que nunca, é preciso valorizar a maturidade cognitiva e reconhecer que algumas das melhores funções do cérebro florescem com o tempo.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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