Estudo explica como o consumo de salsicha pode causar câncer

Nitritos e gorduras tornam os embutidos perigosos. (Foto: Corelens via Canva)
Nitritos e gorduras tornam os embutidos perigosos. (Foto: Corelens via Canva)

A salsicha é vista com frequência em cafés da manhã, sanduíches e pratos rápidos. Seu sabor e praticidade conquistaram espaço nas mesas do mundo todo. Mas, por trás dessa conveniência, há um alerta crescente da ciência: o consumo regular de salsicha e outros embutidos pode aumentar o risco de câncer, especialmente o colorretal.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a salsicha está na categoria de alimentos comprovadamente cancerígenos para humanos, a mesma classificação de produtos como o tabaco e o amianto.

O que torna a salsicha perigosa?

A salsicha é feita a partir de uma mistura de carnes moídas (geralmente suína e bovina), gordura, condimentos e conservantes químicos. Os principais vilões são os nitritos e nitratos, substâncias usadas para preservar a cor e prolongar a validade.

Quando submetidos ao calor, como ao fritar ou grelhar, esses compostos podem se transformar em nitrosaminas, substâncias conhecidas por danificar o DNA das células e favorecer o desenvolvimento de tumores.

Além disso, o processo de cozimento intenso gera compostos como as aminas heterocíclicas e os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), que também estão associados ao aumento de mutações celulares e à inflamação intestinal crônica.

O problema vai além da salsicha

Consumo frequente de embutidos afeta a saúde intestinal. (Foto: Gayvoronskaya via Canva)
Consumo frequente de embutidos afeta a saúde intestinal. (Foto: Gayvoronskaya via Canva)

Presuntos, mortadelas, linguiças e bacons passam por processos semelhantes. Todos contêm altos níveis de sódio e conservantes, que, em excesso, irritam o estômago, sobrecarregam os rins e podem contribuir para doenças cardiovasculares.

Esses alimentos costumam ser combinados com pães, molhos e frituras, o que agrava ainda mais os efeitos negativos sobre o organismo.

Segundo um relatório publicado na The Lancet Oncology, 50 gramas de carne processada por dia, o equivalente a uma salsicha média, podem aumentar o risco de câncer colorretal em até 18%.

O consumo diário aumenta o risco com o tempo

Mesmo em pequenas quantidades, o uso frequente desses alimentos causa um acúmulo de compostos tóxicos no corpo. Quem consome salsicha quase todos os dias, por exemplo, têm maior probabilidade de desenvolver alterações celulares no intestino ao longo dos anos.

E quanto mais precoce o início desse hábito, comum em lanches infantis, maior tende a ser o impacto futuro na saúde.

Há substituições mais seguras e saborosas

Reduzir o consumo não significa abrir mão do sabor. É possível substituir a salsicha e os embutidos por alternativas mais naturais e nutritivas:

  • Frango desfiado ou cozido com temperos naturais;
  • Ovos cozidos ou mexidos, ricos em proteína e sem conservantes;
  • Carne bovina fresca, preparada de forma leve;
  • Hambúrguer artesanal caseiro, feito com carne magra;
  • Versões vegetais de salsicha, sem aditivos químicos.

Essas trocas ajudam a diminuir a exposição a substâncias potencialmente cancerígenas, mantendo a dieta equilibrada e saborosa.

A salsicha pode até parecer inofensiva, mas seu consumo frequente traz riscos comprovados à saúde. Assim como outros embutidos, ela contém substâncias químicas que, quando acumuladas no organismo, aumentam a chance de desenvolver câncer e outras doenças crônicas.

Por isso, especialistas recomendam moderação e substituições inteligentes. Um lanche sem salsicha pode não parecer o mesmo, mas é um passo importante para uma vida mais longa e saudável.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.