Estresse afeta metabolismo e aumenta compulsão por comida

Estresse crônico acelera o acúmulo de gordura corporal. (Foto: Charliepix via Canva)
Estresse crônico acelera o acúmulo de gordura corporal. (Foto: Charliepix via Canva)

O estresse crônico não afeta apenas o humor ou a produtividade, ele também pode mexer profundamente com o metabolismo e a forma como o corpo armazena gordura. Estudos têm demonstrado que a exposição contínua a situações de tensão eleva os níveis de cortisol, o chamado hormônio do estresse, desencadeando uma série de reações que favorecem o acúmulo de gordura abdominal e a dificuldade para emagrecer.

Esse hormônio, liberado pelas glândulas suprarrenais, têm um papel natural e essencial em momentos de emergência. No entanto, quando sua produção se mantém elevada por longos períodos, o organismo passa a agir como se estivesse em alerta constante, e o preço é alto.

Como o estresse muda o funcionamento do corpo

De acordo com estudos em neuroendocrinologia e metabolismo humano, o excesso de cortisol provoca efeitos que desequilibram todo o organismo:

  • Desejo de comer mais, principalmente doces e comidas gordurosas;
  • Armazenamento de energia em forma de gordura, principalmente na região abdominal;
  • Alterações hormonais, afetando insulina e leptina, o que dificulta a regulação da saciedade;
  • Queda na qualidade do sono, agravando o ciclo de exaustão e ganho de peso.

Além disso, o sedentarismo potencializa o problema. Uma pesquisa do Serviço Social da Indústria (Sesi) do ano de 2023 apontou que 52% dos brasileiros não praticam atividade física com regularidade,  um dado preocupante, já que o movimento é essencial para equilibrar os níveis hormonais e reduzir a tensão fisiológica.

O corpo associa estresse à fome

Alimentação equilibrada reduz impactos do estresse no corpo. (Foto: Charliepix via Canva)
Alimentação equilibrada reduz impactos do estresse no corpo. (Foto: Charliepix via Canva)

Nos tempos ancestrais, o estresse era uma resposta útil: preparava o corpo para lutar ou fugir de ameaças. Hoje, o gatilho é diferente, prazos, trânsito e excesso de estímulos, mas o corpo reage da mesma forma.

Quando o cérebro interpreta uma situação como ameaça, ele estimula a liberação de adrenalina e cortisol, aumentando batimentos cardíacos e a liberação de glicose no sangue.

Sem o gasto de energia física que nossos ancestrais tinham, esse combustível extra é armazenado como gordura, especialmente quando associado ao consumo de ultraprocessados.

Como quebrar o ciclo do estresse e do ganho de peso

O controle do estresse passa por pequenas mudanças diárias que impactam grandes sistemas hormonais. A ciência mostra que práticas simples podem reverter esse quadro:

  • Movimentar-se regularmente: exercícios físicos reduzem o cortisol e aumentam endorfinas;
  • Dormir bem: o sono regula hormônios ligados à fome e à saciedade
  • Cuidar da alimentação: priorizar alimentos naturais e evitar ultraprocessados;
  • Praticar técnicas de relaxamento, como respiração profunda e meditação;
  • Cultivar pausas e lazer, essenciais para restaurar o equilíbrio mental.

Esses hábitos, combinados, criam um ciclo positivo que favorece o bem-estar emocional e físico, ajudando a prevenir o ganho de peso induzido pelo estresse e protegendo o organismo contra distúrbios metabólicos de longo prazo.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.