Durante décadas, o câncer colorretal foi considerado uma doença associada ao envelhecimento. No entanto, esse cenário mudou de forma acelerada e preocupante. Cada vez mais, adultos jovens, inclusive abaixo dos 40 anos, estão sendo diagnosticados com a doença, muitas vezes em estágios avançados. Esse crescimento vem sendo observado em diversas regiões do mundo e já acende um alerta global entre profissionais da saúde.
De acordo com o estudo “Tendências de incidência de câncer colorretal em adultos jovens versus idosos”, publicado na revista científica The Lancet Oncology, os casos em pessoas com menos de 50 anos aumentaram de forma consistente em dezenas de países entre 2013 e 2017. A pesquisa foi conduzida por Hyuna Sung et al., com base em registros populacionais de câncer ao redor do mundo.
Uma tendência global que não pode ser ignorada
Embora a América do Norte e a Europa concentrem os maiores números absolutos, o crescimento também foi identificado na América do Sul, no Leste Europeu e em diversas regiões da Ásia. Isso indica que o fenômeno não é isolado, mas reflete transformações globais no modo de vida moderno.
Entre os fatores mais associados a esse aumento estão mudanças alimentares, sedentarismo, urbanização acelerada e exposição contínua a fatores ambientais nocivos. Além disso, a baixa adesão aos exames de rastreamento em faixas etárias mais jovens contribui para diagnósticos tardios, reduzindo as chances de cura.
Dieta moderna e obesidade são fatores de risco
Evidências crescentes apontam a alimentação inadequada como um dos principais impulsionadores do câncer colorretal precoce. Dietas ricas em alimentos ultraprocessados, carnes vermelhas e processadas e bebidas açucaradas favorecem inflamações crônicas e alterações metabólicas que aumentam o risco tumoral.
Além disso, a obesidade exerce um papel relevante ao estimular processos inflamatórios persistentes no organismo. Curiosamente, análises científicas indicam que muitos pacientes apresentam perda de peso não intencional antes do diagnóstico, o que sugere que os efeitos metabólicos da doença podem mascarar o risco real associado ao excesso de gordura corporal.
Genética e testes modernos ampliam chances de detecção precoce

Outro ponto crucial envolve os fatores genéticos hereditários. Síndromes como a síndrome de Lynch e a polipose adenomatosa familiar aumentam significativamente o risco de câncer colorretal em idades mais jovens, devido a mutações em genes supressores de tumor.
Nesse contexto, tecnologias inovadoras vêm ganhando espaço. Testes moleculares não invasivos, como o COLOTECT®, desenvolvido pela BGI Genomics, analisam a metilação do DNA fecal e identificam marcadores genéticos associados ao câncer colorretal em fases iniciais, ampliando as possibilidades de rastreamento antes do surgimento de sintomas graves.
Conscientização e prevenção precisam avançar rápido
Apesar dos avanços científicos, ainda existem grandes desigualdades no acesso ao rastreamento, especialmente em países com programas de saúde menos estruturados. Sem educação pública e orientação médica adequada, muitos jovens ignoram sinais de alerta como:
- alterações persistentes no hábito intestinal
- presença de sangue nas fezes
- dor abdominal recorrente
- perda de peso sem causa aparente
Em síntese, o câncer colorretal deixou de ser uma doença restrita à velhice. Combater essa tendência exige mudanças urgentes no estilo de vida, ampliação do acesso à triagem precoce e maior conscientização coletiva. O tempo, neste caso, é um fator decisivo.

