O café sempre ocupou um lugar especial na rotina de milhões de pessoas. Entretanto, uma nova pesquisa publicada no BMJ Mental Health trouxe uma descoberta que vai além do sabor e da energia imediata: a bebida pode influenciar o ritmo do envelhecimento biológico, oferecendo anos extras de saúde celular.
A revelação reacende o interesse científico sobre como hábitos simples podem interferir profundamente no funcionamento do organismo.
O que o estudo descobriu sobre café e envelhecimento celular?
O estudo, conduzido por pesquisadores que analisaram adultos com transtornos mentais graves, avaliou a relação entre o consumo diário de café e o comprimento dos telômeros, estruturas que protegem os cromossomos contra danos. Telômeros encurtados são considerados um marcador confiável de envelhecimento acelerado.
A equipe dividiu mais de 400 participantes em quatro grupos, variando de nenhum consumo até cinco xícaras diárias. Os resultados chamaram atenção: indivíduos que consumiam três a quatro xícaras por dia apresentaram telômeros significativamente mais longos, correspondendo a aproximadamente cinco anos extras de idade biológica preservada.
Esse efeito não foi observado quando o consumo ultrapassou cinco xícaras diárias, o que reforça a importância do equilíbrio.
Por que o café pode ter efeito protetor?

Os pesquisadores destacaram que o café é rico em compostos antioxidantes e anti-inflamatórios, os dois principais mecanismos que ajudam a proteger as células. Esses compostos atuam reduzindo o estresse oxidativo, que é o desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes no organismo.
Quando há excesso de estresse oxidativo, ocorre dano celular e desgaste acelerado dos telômeros. Por outro lado, quando há equilíbrio, a integridade dessas estruturas é preservada, retardando o envelhecimento celular.
Quem mais se beneficia desse efeito?
Segundo a pesquisa, pessoas com transtornos mentais graves, como esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão maior com psicose, apresentaram maior tendência ao encurtamento dos telômeros. Isso torna o achado especialmente relevante para esse grupo, que tem expectativa de vida reduzida em até 15 anos.
O consumo moderado de café pode, portanto, atuar como um aliado adicional na proteção celular dessas populações.
Quanto café por dia traz benefícios?
O estudo identificou um ponto de equilíbrio ideal. Veja um resumo:
- 1 a 2 xícaras por dia: benefício moderado
- 3 a 4 xícaras por dia: impacto máximo no alongamento dos telômeros
- Mais de 5 xícaras por dia: nenhum ganho adicional e possíveis efeitos adversos
Quatro xícaras de 240 ml correspondem ao limite diário de cafeína recomendado por órgãos de saúde internacionais.
Consumo exagerado pode ser prejudicial
Vale destacar que a pesquisa também alerta para o excesso. Consumir café acima do recomendado pode aumentar a formação de espécies reativas de oxigênio, promovendo danos celulares e efeito oposto ao desejado.

