Quando imaginamos o Jurássico, logo surge a imagem de criaturas gigantescas marcando território sobre vastas planícies. No entanto, um dinossauro do tamanho de um gato acaba de ganhar destaque ao revelar um capítulo pouco explorado dessa era.
Batizado de Enigmacursor mollyborthwickae, ele surge como a peça que faltava para entender como pequenos herbívoros conseguiram prosperar em meio a colossos predadores há cerca de 150 milhões de anos.
Um minidinossauro que transforma nossa visão do Jurássico
Com pouco mais de um metro de comprimento, o Enigmacursor era leve, rápido e surpreendentemente eficiente em se esconder e escapar. Apesar do porte diminuto, ele representa uma das descobertas mais impactantes sobre a diversidade ecológica da Formação Morrison, região famosa por revelar gigantes como Apatossauro, Estegossauro e Alossauro.
Sua excelente preservação permitiu aos cientistas analisarem detalhes que normalmente se perdem em pequenos fósseis. Essa riqueza anatômica fez do Enigmacursor um holótipo completo, servindo como referência clara para estudos futuros e ajudando a revisar classificações antigas que agrupavam vários minidinossauros sob rótulos imprecisos.
Anatomia que esconde um segredo evolutivo

Um estudo publicado na Royal Society Open Science (2025) examinou cuidadosamente as proporções do fêmur, tíbia e tornozelo da espécie. Os autores destacam que essas estruturas revelam um corredor nato, projetado para percorrer planícies abertas com agilidade e arrancadas rápidas. Essa habilidade provavelmente foi sua principal estratégia de sobrevivência em um ambiente repleto de predadores.
Além disso, a análise apontou uma relação evolutiva com o Yandusaurus, um pequeno herbívoro descoberto na China. Essa conexão indica que os neornitísquios, grupo ao qual ambos pertencem, tinham uma distribuição mais ampla do que se imaginava, sugerindo caminhos evolutivos mais complexos.
A Formação Morrison nunca pareceu tão viva
Embora famosa por seus titãs pré-históricos, a Formação Morrison abrigava uma fauna rica em pequenos herbívoros ágeis. Eles se alimentavam de vegetações rasteiras, ocupavam nichos ecológicos essenciais e desempenhavam papéis estruturantes nas cadeias alimentares.
A descoberta do Enigmacursor reforça que esses pequenos corredores eram tão fundamentais quanto os gigantes para a dinâmica dos ecossistemas jurássicos.
Digitalização 3D que amplia horizontes científicos
Outro aspecto revolucionário é o uso do escaneamento 3D de alta resolução. Cada detalhe do fóssil foi digitalizado com precisão de frações de milímetro, permitindo que pesquisadores do mundo inteiro acessem o espécime sem risco de danificar os ossos originais.
Esses modelos digitais aceleram comparações evolutivas, revisões taxonômicas e análises biomecânicas. Também garantem que fósseis delicados, como o do Enigmacursor, permaneçam preservados para futuras gerações.

