Uma nova forma de diabetes acaba de ser reconhecida pela comunidade científica, trazendo à tona uma realidade preocupante: milhões de pessoas podem conviver com a doença sem saber. Batizado de diabetes tipo 5, o distúrbio está diretamente relacionado à desnutrição durante a infância, que danifica as células do pâncreas e prejudica a produção de insulina, o hormônio que regula o açúcar no sangue.
Pesquisadores acreditam que entre 20 e 25 milhões de pessoas, principalmente em países da África e da Ásia, possam ser portadoras dessa condição, muitas vezes confundida com os tipos 1 ou 2.
Como a desnutrição provoca o diabetes tipo 5?

Quando a alimentação é insuficiente em nutrientes essenciais durante os primeiros anos de vida, o pâncreas pode sofrer alterações irreversíveis. Isso reduz sua capacidade de produzir insulina, provocando o aumento da glicemia.
Embora os sintomas sejam semelhantes aos de outros tipos de diabetes, a causa é diferente: não há resistência à insulina (como no tipo 2) nem ataque autoimune às células pancreáticas (como no tipo 1).
Essa característica torna o diagnóstico desafiador, já que os exames comuns muitas vezes não identificam o tipo exato de diabetes, levando a tratamentos inadequados.
Estudo confirma a existência do novo tipo
O reconhecimento científico do diabetes tipo 5 ganhou força após o estudo YODA (Diabetes de Início Jovem na África Subsaariana), publicado na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology.
Os pesquisadores analisaram quase 900 jovens adultos e descobriram que muitos pacientes diagnosticados como portadores do tipo 1 não tinham os marcadores autoimunes característicos. Em vez disso, apresentavam uma produção residual de insulina, compatível com o novo tipo da doença.
Outra publicação, na The Lancet Global Health, reforçou a necessidade de incluir o diabetes tipo 5 nas classificações oficiais, destacando que o reconhecimento é essencial para financiamento de pesquisas e tratamentos específicos.
Desafio no tratamento e importância do diagnóstico correto
Pessoas com diabetes tipo 5 geralmente possuem baixo peso e pouca reserva energética, o que torna o uso da insulina um processo delicado. Doses mal ajustadas podem causar hipoglicemia severa, um quadro potencialmente fatal. Por isso, compreender a origem da doença é fundamental para garantir terapias seguras e eficazes, especialmente em regiões onde a desnutrição infantil ainda é um problema persistente.
A descoberta e o reconhecimento do diabetes tipo 5 representam um avanço importante para a medicina global e um alerta para governos e profissionais de saúde: combater a má nutrição na infância é também uma forma de prevenir doenças crônicas que podem durar por toda a vida.