Descoberta da UFRR mostra como dinossauros habitaram o Norte do Brasil

Pesquisadores da UFRR revelam trilhas de dinossauros em Roraima. (Foto: Imagem gerada por IA via Gemini)
Pesquisadores da UFRR revelam trilhas de dinossauros em Roraima. (Foto: Imagem gerada por IA via Gemini)

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) trouxe à tona um achado que transforma a compreensão sobre o passado amazônico: trilhas fossilizadas de dinossauros que viveram há mais de 100 milhões de anos. As marcas foram identificadas no município de Bonfim, no norte de Roraima, e representam o primeiro registro confirmado desses animais na região amazônica.

A pesquisa foi conduzida por Vladimir de Souza, doutor em bioestratigrafia, em parceria com Carlos Eduardo Vieira, especialista em geociências, e Lucas Barros, mestre em ciências biológicas. O grupo dedicou 14 anos de investigação até comprovar que as formações rochosas observadas pertenciam realmente a pegadas de dinossauros carnívoros e herbívoros.

Um retrato vivo da Amazônia pré-histórica

As impressões foram encontradas em extensas áreas de rochas sedimentares, conhecidas como lajedos, e indicam que diferentes espécies de dinossauros habitaram o local. Há marcas atribuídas a saurópodes, de pescoços longos e caudas robustas, e a terópodes, grupo que inclui os velociraptores.

O terreno era, há milhões de anos, uma planície árida com lagos rasos e margens arenosas, ambiente ideal para preservar pegadas e trilhas. Em algumas áreas, as formações chegam a ultrapassar 30 metros de extensão, sugerindo que grupos inteiros de herbívoros migravam em manadas, enquanto carnívoros os seguiam de perto.

Um ambiente em transformação

Pesquisadores da UFRR revelam trilhas de dinossauros em Roraima. (Foto: Reprodução/JPavani – @Birdingroraima)
Pesquisadores da UFRR revelam trilhas de dinossauros em Roraima. (Foto: Reprodução/JPavani – @Birdingroraima)

Durante o período em que essas pegadas foram deixadas, os continentes ainda sofriam os efeitos da fragmentação da Pangeia. Esse processo modificou drasticamente o clima e a paisagem da região, favorecendo a formação de novos ecossistemas com ampla variedade de plantas e animais.

Essas mudanças geológicas permitiram o surgimento de florestas de coníferas, samambaias e plantas com flor, além de favorecer a adaptação de diversas espécies de dinossauros, que se espalharam por áreas onde hoje se localiza o Norte do Brasil.

Ciência, educação e turismo

O estudo segue protocolos rigorosos de icnologia, ciência que analisa vestígios deixados por seres vivos em rochas antigas. Os resultados abrem caminho para novos levantamentos paleontológicos em Roraima, com potencial não apenas científico, mas também educacional e turístico.

A UFRR já planeja rotas de visitação e projetos didáticos para valorizar o patrimônio fóssil do estado, aproximando a população do conhecimento sobre o passado geológico da Amazônia. Vale destacar que essa descoberta pode colocar Roraima no mapa mundial da paleontologia, mostrando que a região guarda um legado ainda pouco explorado da era dos dinossauros.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.