O Lago Junín, situado a 4.100 metros acima do nível do mar no altiplano peruano, apresenta uma situação alarmante. Recentes análises científicas apontam que arsênio, chumbo, cádmio e outros metais pesados atingiram níveis “críticos” em toda a bacia hidrográfica. Esses elementos tóxicos representam riscos sérios à saúde humana, incluindo câncer, e comprometem a biodiversidade local.
O estudo, publicado na Science of the Total Environment, envolveu mais de 200 amostras de solos e sedimentos ao redor do lago, considerando tanto áreas agrícolas quanto urbanas. Os resultados são claros: 99% da região apresenta risco ecológico muito alto a ultra-alto, e os níveis de contaminação superam em até 100 vezes os limites ecológicos em algumas áreas.
Principais fatores de contaminação
A pesquisa identificou diversas fontes e consequências da poluição, incluindo:
- Mineração histórica: operações abandonadas há mais de um século continuam a liberar metais pesados;
- Agricultura e urbanização: o uso intensivo do solo e a irrigação contribuem para a disseminação dos contaminantes;
- Bioacumulação: animais de pasto ingerem ração contaminada, afetando a cadeia alimentar e expondo comunidades locais.
Esses fatores tornam o lago um verdadeiro sumidouro de metais, com impactos diretos na produção de alimentos e no abastecimento de água de cerca de 1,3 milhão de pessoas que dependem do sistema hídrico do Mantaro, que nasce na região.
Impactos humanos e ambientais

A contaminação por arsênio, chumbo e cádmio não é apenas uma ameaça ecológica; ela apresenta sérios riscos à saúde humana:
- Adultos: exposição ao arsênio implica risco carcinogênico de 100%;
- Crianças e gestantes: altamente vulneráveis aos efeitos neurotóxicos e ao desenvolvimento comprometido;
- Comunidades rurais: água e alimentos contaminados ampliam a exposição mesmo em áreas distantes do lago.
Além da saúde, a biodiversidade local sofre impactos significativos. A poluição afeta a flora aquática, os sedimentos e os animais que dependem do ecossistema, comprometendo a resiliência do altiplano peruano.
Monitoramento e soluções urgentes
A análise científica utilizou modelos de aprendizado de máquina, amostragens sistemáticas e avaliação de variáveis ambientais como inundações, oferecendo um panorama detalhado do risco. No entanto, o estudo reforça que ações imediatas de remediação e políticas ambientais eficazes são essenciais para proteger populações humanas e a fauna local.
A situação do Lago Junín evidencia como contaminação histórica e práticas atuais podem convergir em crises ecológicas e sanitárias, mostrando a necessidade de políticas públicas e conscientização ambiental na região dos Andes centrais.

