Consumir carcaças pode ter impulsionado o desenvolvimento do cérebro humano

Comer carcaças pode ter impulsionado o cérebro humano. (Foto: Getty Images via Canva)
Comer carcaças pode ter impulsionado o cérebro humano. (Foto: Getty Images via Canva)

Pesquisas conduzidas por Ana Mateos e Jesús Rodríguez, do Centro Nacional de Investigación sobre la Evolución Humana (CENIEH), indicam que a ingestão de carcaças de animais foi crucial para o desenvolvimento do cérebro humano. Em vez de depender apenas da caça, nossos ancestrais aproveitavam cadáveres encontrados na natureza, garantindo nutrientes essenciais com menor esforço físico.

Benefícios nutricionais das carcaças

  • Proteínas e gorduras de alta densidade para o cérebro.
  • Menor gasto de energia comparado à caça.
  • Disponibilidade durante períodos de escassez.
  • Suporte à formação de regiões cerebrais ligadas à memória e planejamento.

O estudo publicado no Journal of Human Evolution mostra que a necrofagia forneceu energia e nutrientes fundamentais, permitindo o crescimento e o funcionamento de áreas cognitivas complexas.

Adaptações anatômicas e comportamentais

Necrofagia pode ter acelerado o avanço da inteligência humana. (Foto: Imagem gerada por IA via Gemini)
Necrofagia pode ter acelerado o avanço da inteligência humana. (Foto: Imagem gerada por IA via Gemini)

Humanos antigos possuíam defesas naturais contra patógenos, como o pH ácido do estômago, que reduzia riscos associados ao consumo de carne de animais mortos. Além disso, a mobilidade e resistência física facilitava localizar carcaças de forma eficiente.

Ferramentas rudimentares, como pedras usadas para raspar carne ou quebrar ossos, possibilitaram acessar gordura e medula, enquanto a linguagem primitiva ajudava na coordenação de grupos para buscar e proteger os recursos.

Necrofagia como estratégia evolutiva

  • Complemento à caça e à coleta de plantas.
  • Estratégia alimentar regular e adaptativa.
  • Favoreceu habilidades sociais e cognitivas avançadas.
  • Reduziu esforço físico e aumentou a eficiência alimentar do grupo.

O estudo reforça que a prática de aproveitar carcaças não era apenas um recurso de emergência, mas uma estratégia eficiente que contribuiu para o desenvolvimento do cérebro humano e capacidades cognitivas complexas.

A perspectiva apresentada pelos pesquisadores desafia a visão tradicional de que apenas a caça moldou a evolução humana. A necrofagia proporcionou energia, nutrientes e desafios cognitivos, sendo tão importante quanto a caça na formação do comportamento, da tecnologia e das habilidades sociais humanas.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.