Cometa interestelar 3I/ATLAS revela cauda azul gigante e sinais surpreendentes

Cometa 3I/ATLAS exibe cauda iônica gigante e brilho intenso no céu. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Cometa 3I/ATLAS exibe cauda iônica gigante e brilho intenso no céu. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

O 3I/ATLAS, cometa originário de outro sistema solar, vem despertando grande interesse científico ao revelar uma cauda iônica maior e mais definida do que nunca. Essa característica indica atividade crescente, provavelmente provocada pelo aumento da sublimação de gases voláteis enquanto o corpo cósmico se aproxima do Sol.

Observações recentes do Projeto Telescópio Virtual, vinculado ao Observatório Bellatrix, registraram imagens detalhadas do núcleo do cometa e da cauda azulada, mesmo sob condições desafiadoras, como a interferência da luz lunar e baixa altitude no horizonte. Destaques da observação:

  • Cauda iônica longa e bem definida, apontando diretamente para longe do Sol;
  • Anticauda de poeira, seguindo a órbita do cometa;
  • Extensão aproximada de 0,7 grau no céu, visível com telescópios terrestres;
  • Indícios de subli­mação intensa de CO₂ e outros gases voláteis;
  • Detecção de sinais de rádio naturais, confirmando fenômeno astronômico.

Como se forma a cauda iônica?

A cauda iônica surge quando a radiação ultravioleta solar ioniza moléculas de gás liberadas pelo cometa. Esses íons são então arrastados pelo vento solar, criando o brilho azul característico. Essa cauda se distingue da cauda de poeira, amarelada e curvada, formada por partículas expelidas que seguem a trajetória orbital.

Nova imagem revela crescimento da cauda azul do cometa interestelar. (Imagem: Gianluca Masi/Projeto Telescópio Virtual)
Nova imagem revela crescimento da cauda azul do cometa interestelar. (Imagem: Gianluca Masi/Projeto Telescópio Virtual)

O 3I/ATLAS permite comparar de forma inédita essas duas estruturas, mostrando como gases e partículas interagem com o ambiente solar e oferecendo pistas sobre a composição de cometas interestelares.

Leia também:

Relevância científica do 3I/ATLAS

Como terceiro objeto interestelar confirmado, após 1I/’Oumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019), o 3I/ATLAS se destaca por ser brilhante o suficiente para estudo detalhado. Seu comportamento fornece dados sobre:

  • Quantidade de gelo de CO₂ presente;
  • Composição química de cometas fora do Sistema Solar;
  • Evolução de corpos interestelares sob influência do Sol;
  • Interações entre núcleo, coma e cauda iônica.

Monitoramento contínuo e descobertas recentes

O Projeto Telescópio Virtual continuará acompanhando o 3I/ATLAS, registrando mudanças na cauda iônica, no núcleo e na anticauda de poeira. O crescimento observado indica aumento de atividade, enquanto sinais de rádio naturais confirmam fenômenos físicos, descartando qualquer origem artificial.

Cada nova observação contribui para entender como cometas interestelares reagem à radiação solar, oferecendo uma visão rara sobre processos de evolução de corpos gelados de outros sistemas estelares. Desse modo, o 3I/ATLAS não apenas impressiona por sua cauda azul vibrante, mas também abre uma janela para estudos inéditos sobre cometas fora do Sistema Solar, reforçando o papel da astronomia cidadã e de telescópios robóticos no acompanhamento de fenômenos cósmicos raros.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.