Comer mais desses minerais pode proteger seu cérebro de transtornos mentais, aponta estudo

Minerais da dieta influenciam risco de depressão e ansiedade. (Foto: Gerada por IA via Gemini)
Minerais da dieta influenciam risco de depressão e ansiedade. (Foto: Gerada por IA via Gemini)

A relação entre alimentação e saúde mental ganhou novas camadas com um estudo robusto que analisou como a ingestão de doze minerais essenciais pode influenciar o risco de desenvolver transtornos mentais ao longo dos anos. 

Publicado no Journal of Affective Disorders, o estudo “Associações da ingestão de minerais na dieta com o risco de seis transtornos mentais comuns: um estudo de coorte prospectivo”, conduzido por Weixuan Da et al., oferece um panorama amplo e inédito sobre como o consumo de minerais pode moldar o bem-estar psicológico.

Como os minerais participam do funcionamento cerebral

O cérebro depende de nutrientes para executar processos essenciais que envolvem energia, neurotransmissores e proteção antioxidante. Por isso, investigar como cada mineral contribui para a regulação emocional é fundamental. 

No estudo, nutrientes como ferro, magnésio, selênio, zinco e manganês mostraram ligações relevantes com a saúde mental. Muitos desses minerais participam de vias metabólicas e neurológicas diretamente associadas ao humor e ao estresse.

Um estudo amplo com mais de 13 anos de observação

Os pesquisadores analisaram dados de quase 200 mil participantes sem diagnóstico inicial de transtornos mentais. A ingestão alimentar foi estimada com base em repetidos recordatórios alimentares, permitindo uma avaliação confiável de cálcio, ferro, magnésio, zinco, selênio, potássio, cobre, manganês e outros minerais. 

Em seguida, os participantes foram acompanhados por mais de uma década para identificar diagnósticos de depressão, ansiedade, TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), esquizofrenia, transtorno bipolar ou tentativas de suicídio.

Entre os principais achados, algumas tendências chamaram atenção:

  • Maior ingestão de ferro, magnésio e selênio se associou a menor risco de depressão.
  • Consumo elevado de cálcio mostrou relação com maior probabilidade de depressão e ansiedade.
  • Manganês esteve ligado a menor risco de suicídio.
  • Zinco pareceu oferecer proteção específica contra o TEPT.

Essas associações se mantiveram mesmo após ajustes para fatores como idade, renda, IMC, tabagismo e doenças prévias.

Por que os efeitos variam entre grupos diferentes?

Os resultados também indicaram que o impacto dos minerais não é uniforme. As associações protetoras de ferro, potássio, magnésio, zinco e selênio contra a depressão foram mais fortes em mulheres, sugerindo uma possível interação entre nutrição, hormônios e metabolismo. 

Além disso, efeitos positivos de potássio, magnésio e cobre se destacaram entre pessoas com 55 anos ou menos, reforçando a ideia de que idade e perfil metabólico interferem nessa relação.

Limitações e caminhos futuros

Por se tratar de um estudo observacional, não é possível afirmar que esses minerais previnem ou causam doenças diretamente. Outros fatores de estilo de vida podem estar envolvidos. 

Ainda assim, o trabalho amplia o entendimento sobre como uma alimentação equilibrada, rica em micronutrientes, pode contribuir para um cérebro mais resiliente.

Futuras pesquisas devem explorar mecanismos biológicos específicos e avaliar resultados em populações mais diversas. Entretanto, o estudo reforça uma mensagem importante: manter uma dieta variada e nutritiva é um componente essencial do bem-estar mental.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.