Um estudo recente publicado na Environmental Research Letters revela que o colapso da Circulação Meridional do Atlântico (Amoc) pode trazer uma “pequena era do gelo” para a Europa antes do previsto. Este sistema, responsável por transportar calor tropical para o Atlântico Norte e aquecer o continente, enfrenta um ponto crítico que, se ultrapassado, pode gerar consequências drásticas para o hemisfério norte. Entre os impactos esperados, destacam-se:
- Invernos rigorosos com temperaturas que podem cair abaixo de -30°C em cidades como Edimburgo e Londres;
- Secas e desertificação em regiões do sul europeu e mudanças nos padrões de chuva tropical;
- Desestabilização global de sistemas climáticos, afetando América do Sul e África.
O estudo coordenado por cinco institutos internacionais, incluindo o Instituto Potsdam para Pesquisa sobre Impacto Climático, analisou simulações com 38 modelos climáticos estendidos até 2500. Os resultados indicam que o ponto de inflexão da Amoc pode ocorrer já nas próximas décadas, antecipando os efeitos de seu colapso total, previsto para após 2100 caso as emissões de gases do efeito estufa permaneçam altas.
Como a Amoc regula o clima?

A Amoc funciona como uma esteira transportadora de calor, levando águas quentes da superfície tropical para o Atlântico Norte e devolvendo águas frias para grandes profundidades. Com o aquecimento global, essa circulação enfraquece, pois a superfície do oceano permanece mais quente e menos densa, comprometendo a convecção profunda e diminuindo a capacidade de transporte de calor.
Mesmo pequenas alterações nesse sistema podem gerar consequências severas, como a redução de calor na Corrente do Golfo, conhecida como o “aquecedor da Europa”, a alteração de regimes de precipitação, com risco de desertificação e ondas de frio extremas, além de impactos potenciais na segurança alimentar, no fornecimento de energia e na infraestrutura urbana.
Cenário futuro e urgência
Estudos indicam que, ao ser alcançado o ponto de inflexão, o colapso da Amoc se torna praticamente inevitável e a recuperação do sistema pode levar séculos. O derretimento das geleiras da Groenlândia aumenta a quantidade de água doce no Atlântico Norte, acelerando ainda mais o enfraquecimento da corrente. O alerta é direto, pois reduzir as emissões de gases de efeito estufa continua sendo a estratégia mais eficiente para retardar esse colapso e minimizar os impactos extremos sobre o clima global.

