O universo guarda mistérios que desafiam nossa compreensão, e entre eles estão os círculos de rádio ímpares (ORCs), gigantescos anéis de plasma magnetizado detectáveis apenas em ondas de rádio. Recentemente, uma equipe de cientistas civis e profissionais identificou uma versão ainda mais rara: um círculo de rádio com dois anéis concêntricos, localizado a cerca de 7,5 bilhões de anos-luz da Terra. Batizado RAD J131346.9+500320, esse objeto é o mais distante do tipo já registrado e oferece uma oportunidade única para estudar o passado cósmico. Entre os destaques dessa descoberta:
- Dois anéis visíveis, um fenômeno observado apenas uma vez antes;
- Diâmetro de quase um milhão de anos-luz, muito maior que a Via Láctea;
- Possível presença de galáxias inteiras no centro do anel;
- Observável exclusivamente em comprimentos de onda de rádio;
- Formação provavelmente ligada a explosões massivas em buracos negros supermassivos.
O que são os ORCs e como se formam
Os ORCs são estruturas gigantescas de plasma eletricamente carregado, moldadas por campos magnéticos e fenômenos galácticos extremos. O caso do RAD J131346.9+500320 é especialmente intrigante por exibir dois anéis concêntricos, sugerindo que eventos explosivos antigos, como erupções de buracos negros supermassivos, possam ter reenergizado nuvens de plasma, fazendo-as brilhar novamente.
Além disso, outros círculos de rádio detectados em galáxias diferentes reforçam a hipótese de que os ORCs podem surgir de jatos de buracos negros interagindo com plasma ao redor, embora ainda existam debates sobre fusões de galáxias ou ondas de choque cósmicas como possíveis causas.
A tecnologia por trás da descoberta

A identificação do anel duplo foi possível graças ao radiotelescópio LOFAR (Low Frequency Array), uma rede de milhares de antenas espalhadas pela Europa e especializada na detecção de ondas de rádio de baixa frequência.
O projeto de ciência cidadã RAD@home Astronomy Collaboratory permitiu que cientistas civis participassem da análise de imagens, demonstrando o poder da colaboração entre profissionais e amadores para encontrar estruturas cósmicas raras.
Por que o RAD J131346.9+500320 importa para a astronomia?
Estudar esses círculos de rádio é como olhar para o passado do universo. A luz que chega até nós levou bilhões de anos para atravessar o espaço, oferecendo informações sobre explosões galácticas antigas, formação de estrelas e evolução de galáxias.
O futuro promete avanços ainda maiores com o Square Kilometre Array (SKA), em construção na África do Sul e na Austrália, previsto para operar em 2028. Com ele, será possível observar ORCs com detalhes sem precedentes, aprofundando o conhecimento sobre buracos negros supermassivos e a influência do plasma cósmico na evolução galáctica.
Desse jeito, o RAD J131346.9+500320 não apenas expande nosso entendimento de fenômenos raros no universo, mas também mostra como a ciência cidadã pode desempenhar um papel crucial em descobertas de grande relevância científica.

