Pesquisadores da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon alcançaram um grande avanço na ciência reprodutiva: transformar células da pele humana em óvulos em laboratório.
Publicado na Nature Communications, o estudo apresenta possibilidades promissoras para pessoas com desafios na reprodução, incluindo mulheres sem óvulos disponíveis e casais do mesmo sexo que buscam filhos geneticamente relacionados a ambos os parceiros.
Transformando células da pele em óvulos

O procedimento utilizou técnicas de ponta para reprogramar células somáticas, convertendo-as em ovócitos, ou seja, óvulos em desenvolvimento. O processo envolveu:
- Transferência nuclear de células somáticas: o núcleo da célula da pele foi inserido em óvulos doadores previamente esvaziados de seu próprio núcleo.
- Mitomeiose: método que reduziu os cromossomos de 46 para 23, simulando a divisão celular natural dos óvulos.
- Fertilização in vitro (FIV): os óvulos gerados foram fertilizados e acompanhados por seis dias, com cerca de 9% dos embriões alcançando um estágio inicial compatível com transferência uterina hipotética.
Embora ainda em fase inicial, esses resultados representam um avanço importante em relação a experiências anteriores com modelos animais, agora aplicados ao DNA humano.
Possíveis aplicações futuras
A gametogênese in vitro (IVG) oferece novas abordagens para a pesquisa em reprodução e fertilidade. Entre os possíveis desdobramentos estão:
- Permitir que mulheres sem óvulos possam gerar embriões a partir de suas próprias células.
- Criar oportunidades para casais do mesmo sexo desenvolverem embriões com DNA de ambos os parceiros.
- Oferecer ferramentas para estudar fatores genéticos relacionados a dificuldades reprodutivas.
Especialistas destacam que ainda é necessário confirmar a normalidade cromossômica dos óvulos antes de qualquer uso clínico, e que o processo pode levar vários anos até estar disponível para aplicações humanas.
Vale destacar que o estudo seguiu diretrizes éticas norte-americanas sobre uso de embriões humanos. Além da técnica aplicada pelo grupo da Universidade de Oregon, outras pesquisas exploram métodos alternativos, como a transformação de células-tronco pluripotentes induzidas em óvulos.
Embora seja cedo para definir qual abordagem será mais eficiente, o avanço indica que a gametogênese in vitro poderá redefinir conceitos sobre reprodução assistida no futuro.