Um estudo publicado na The Lancet Microbe trouxe evidências inéditas sobre a persistência de vírus no sêmen. Pesquisadores europeus identificaram 22 tipos de vírus que podem permanecer no fluido seminal após a fase aguda da infecção, alguns com potencial de transmissão sexual e até risco de surtos.
O levantamento se baseou na revisão de 373 estudos científicos, analisando tanto a presença do vírus quanto o tempo de viabilidade no sêmen. Os resultados reforçam a necessidade de consciência sobre prevenção, incluindo o uso de preservativos após certas viroses.
Quanto tempo os vírus conseguem sobreviver?
O estudo revelou que a duração da presença viral varia bastante:
- Ebola: detectável por até 988 dias após a recuperação
- Dengue: cerca de 1 mês
- Chikungunya: aproximadamente 2 meses
- Sars-Cov-2: cerca de 81 dias
- Kyasanur Forest Virus: 8 dias, o menor período registrado
Entre os 22 vírus, apenas nove tinham evidência de transmissão sexual confirmada, incluindo Ebola, Mpox, Zika, Dengue e Hepatite E. Outros, como febre amarela e adenovírus, foram encontrados no sêmen, mas ainda não se sabe se transmitem sexualmente.
O que determina a transmissibilidade

A presença de um vírus no sêmen não significa automaticamente risco de transmissão sexual. Fatores importantes incluem:
- Carga viral presente no fluido
- Estado do sistema imunológico do indivíduo
- Afinidade do vírus pelo trato reprodutivo
Além disso, a permanência prolongada pode estar ligada a respostas imunes comprometidas, o que aumenta a importância de monitoramento clínico após infecções.
Impactos na saúde pública e prevenção
Conhecer quais vírus podem se manter no sêmen é fundamental para prevenção de surtos e orientação médica. Entre as medidas recomendadas estão:
- Uso de preservativos por períodos específicos após certas infecções
- Educação em saúde para informar sobre riscos pouco conhecidos
- Protocolos clínicos que considerem a persistência viral no sêmen
Essa abordagem ajuda a reduzir a transmissão silenciosa de doenças e protege não apenas os pacientes, mas também a população em geral.
A pesquisa publicada na The Lancet Microbe destaca que o sêmen pode atuar como reservatório viral, com potenciais implicações para transmissão sexual e saúde pública. Saber quais vírus conseguem persistir no fluido seminal permite a criação de estratégias preventivas mais eficazes, garantindo orientação adequada para o uso de preservativos e medidas de proteção.
Em resumo, informação e precaução são essenciais, pois alguns vírus podem se manter no corpo por meses, representando riscos silenciosos e pouco conhecidos.

