Chorar é humano e cientificamente necessário; entenda

Chorar ajuda a aliviar o estresse e equilibrar emoções. (Foto: Getty Images via Canva)
Chorar ajuda a aliviar o estresse e equilibrar emoções. (Foto: Getty Images via Canva)

Embora o sorriso seja celebrado como sinal de felicidade, o choro ainda carrega estigmas sociais. Em muitas culturas, demonstrar emoção é interpretado como fraqueza ou vulnerabilidade. No entanto, as lágrimas são uma das formas mais saudáveis de o corpo liberar tensão emocional e restaurar o equilíbrio mental.

De acordo com estudos publicados pela Harvard Health Publishing (2021), o choro funciona como uma resposta fisiológica natural de autorregulação. Quando reprimimos sentimentos e emoções intensas, o organismo acumula estresse, o que pode favorecer sintomas de ansiedade, insônia e até depressão. As lágrimas, portanto, são uma forma biológica de descarga emocional que protege a mente e o corpo.

Um mecanismo natural de equilíbrio

As lágrimas não surgem apenas da tristeza. Elas podem ser provocadas por alegria, empatia, medo ou alívio. Cada tipo de emoção estimula uma resposta cerebral diferente, mas todas têm um efeito em comum: a redução do estresse e a restauração da calma.

Quando choramos, o organismo libera substâncias como endorfina e oxitocina, que promovem sensação de bem-estar e conforto. Além disso, os níveis de cortisol, hormônio do estresse, diminuem, ajudando o corpo a relaxar. É por isso que, após um choro intenso, muitas pessoas sentem um alívio físico e mental imediato.

Por que conter o choro faz mal?

Reprimir o choro pode prejudicar o bem-estar emocional. (Foto: Getty Images via Canva)
Reprimir o choro pode prejudicar o bem-estar emocional. (Foto: Getty Images via Canva)

Reprimir as lágrimas de forma constante não as faz desaparecer, apenas as transforma em tensão interna. A psicologia chama esse comportamento de “enfrentamento repressivo”, um padrão que pode levar à exaustão emocional e ao isolamento.

Estudos mostram que quem evita expressar emoções tende a ter menor percepção de apoio social e maior propensão a distúrbios de humor. A dificuldade em chorar está relacionada a estilos de apego evitativo, nos quais a pessoa esconde sentimentos para não parecer frágil. 

Esse tipo de repressão emocional, quando mantida por longos períodos, pode resultar em problemas de ansiedade, depressão e irritabilidade constante.

As lágrimas também cuidam do corpo

Além do papel emocional, o choro tem função biológica protetora. As lágrimas lubrificam os olhos, eliminam impurezas e mantêm a córnea saudável. Elas formam uma barreira natural contra microorganismos e reduzem o risco de inflamações e infecções oculares.

Há três tipos de lágrimas, basais, reflexas e emocionais, e todas contêm substâncias antibacterianas e proteínas protetoras. Isso mostra que o ato de chorar não é apenas uma reação psicológica, mas também um mecanismo fisiológico vital para o bem-estar geral.

Permitir-se chorar é um sinal de autocuidado

Aceitar o choro como parte da experiência humana é fundamental para a saúde emocional. Em vez de conter as lágrimas, é importante entender o que elas expressam e qual necessidade emocional está por trás delas.

Chorar é uma forma natural de o corpo dizer “eu preciso de pausa”. Quando as lágrimas vêm, elas indicam que o cérebro está tentando equilibrar a sobrecarga emocional. Permitir-se sentir é um gesto de coragem e autocompaixão, não de fraqueza.

Em resumo, o choro é uma ferramenta de cura silenciosa, que protege o coração, acalma a mente e conecta o ser humano à sua própria essência.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.