Chá verde pode fortalecer áreas-chave do cérebro, sugere estudo

Chá verde pode ajudar a proteger o cérebro do envelhecimento. (Foto: Pixelshot via Canva)
Chá verde pode ajudar a proteger o cérebro do envelhecimento. (Foto: Pixelshot via Canva)

Pesquisas sobre longevidade cerebral vêm ganhando força, e uma delas acaba de destacar um aliado já presente na rotina de milhões de pessoas: o chá verde. 

Um estudo publicado na npj Science of Food acompanhou idosos por dois anos e apontou uma possível associação entre o consumo frequente dessa bebida e uma menor incidência de alterações cerebrais relacionadas à demência. A descoberta reforça o interesse crescente pelos compostos naturais presentes na planta Camellia sinensis.

Impacto do chá verde na saúde cerebral

O estudo monitorou quase 9 mil idosos, registrando a frequência do consumo da bebida e avaliando o cérebro por meio de ressonâncias magnéticas. Três características anatômicas foram examinadas de forma detalhada:

  • Lesões na substância branca, que afetam a comunicação entre regiões cerebrais
  • Volume do hipocampo, importante para consolidar memórias
  • Volume cerebral total, indicador global da saúde do órgão

Após considerar variáveis como estilo de vida e condições de saúde, os autores observaram que os participantes que consumiam chá verde regularmente apresentavam menor comprometimento da substância branca. Isso sugere melhor preservação das vias neurais e menor vulnerabilidade a processos ligados ao declínio cognitivo.

Benefício não foi para todos

Os efeitos positivos não foram uniformes em todos os grupos avaliados. Pessoas com o alelo APOE e4, um marcador genético associado ao aumento do risco de demência, não apresentaram melhorias notáveis nos exames. 

Uma ausência semelhante foi registrada entre participantes com depressão. A interpretação é que esses fatores podem exercer influência tão intensa na saúde cerebral que o chá verde, isoladamente, não consegue neutralizá-los.

O que torna o chá verde interessante para a saúde cognitiva?

EGCG do chá verde atua contra inflamação e estresse oxidativo. (Foto: Aflo via Canva)
EGCG do chá verde atua contra inflamação e estresse oxidativo. (Foto: Aflo via Canva)

Dois componentes naturais do chá verde chamam atenção por suas propriedades:

  • Catequinas, especialmente a EGCG, que atuam reduzindo estresse oxidativo e inflamação, dois mecanismos profundamente envolvidos na degeneração de neurônios
  • L-teanina, um aminoácido capaz de promover relaxamento sem sedação, além de favorecer atenção, memória e clareza mental quando combinada à cafeína natural da infusão

A interação dessas substâncias cria um ambiente favorável para a proteção do tecido cerebral, o que explica o interesse crescente no potencial neuroprotetor da bebida.

Integrar o chá verde à rotina pode ser um passo simples e útil

Mesmo com resultados promissores, os pesquisadores reforçam que o chá verde deve ser entendido como um complemento, e não como substituto de cuidados essenciais. Estilo de vida saudável, sono adequado, alimentação equilibrada e acompanhamento médico continuam sendo fundamentais para reduzir riscos de demência. 

Ainda assim, incluir uma xícara de chá verde no dia a dia pode ser uma forma acessível e saborosa de apoiar a saúde cerebral, especialmente para quem não apresenta fatores de risco elevados.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.