Pesquisas sobre longevidade cerebral vêm ganhando força, e uma delas acaba de destacar um aliado já presente na rotina de milhões de pessoas: o chá verde.
Um estudo publicado na npj Science of Food acompanhou idosos por dois anos e apontou uma possível associação entre o consumo frequente dessa bebida e uma menor incidência de alterações cerebrais relacionadas à demência. A descoberta reforça o interesse crescente pelos compostos naturais presentes na planta Camellia sinensis.
Impacto do chá verde na saúde cerebral
O estudo monitorou quase 9 mil idosos, registrando a frequência do consumo da bebida e avaliando o cérebro por meio de ressonâncias magnéticas. Três características anatômicas foram examinadas de forma detalhada:
- Lesões na substância branca, que afetam a comunicação entre regiões cerebrais
- Volume do hipocampo, importante para consolidar memórias
- Volume cerebral total, indicador global da saúde do órgão
Após considerar variáveis como estilo de vida e condições de saúde, os autores observaram que os participantes que consumiam chá verde regularmente apresentavam menor comprometimento da substância branca. Isso sugere melhor preservação das vias neurais e menor vulnerabilidade a processos ligados ao declínio cognitivo.
Benefício não foi para todos
Os efeitos positivos não foram uniformes em todos os grupos avaliados. Pessoas com o alelo APOE e4, um marcador genético associado ao aumento do risco de demência, não apresentaram melhorias notáveis nos exames.
Uma ausência semelhante foi registrada entre participantes com depressão. A interpretação é que esses fatores podem exercer influência tão intensa na saúde cerebral que o chá verde, isoladamente, não consegue neutralizá-los.
O que torna o chá verde interessante para a saúde cognitiva?

Dois componentes naturais do chá verde chamam atenção por suas propriedades:
- Catequinas, especialmente a EGCG, que atuam reduzindo estresse oxidativo e inflamação, dois mecanismos profundamente envolvidos na degeneração de neurônios
- L-teanina, um aminoácido capaz de promover relaxamento sem sedação, além de favorecer atenção, memória e clareza mental quando combinada à cafeína natural da infusão
A interação dessas substâncias cria um ambiente favorável para a proteção do tecido cerebral, o que explica o interesse crescente no potencial neuroprotetor da bebida.
Integrar o chá verde à rotina pode ser um passo simples e útil
Mesmo com resultados promissores, os pesquisadores reforçam que o chá verde deve ser entendido como um complemento, e não como substituto de cuidados essenciais. Estilo de vida saudável, sono adequado, alimentação equilibrada e acompanhamento médico continuam sendo fundamentais para reduzir riscos de demência.
Ainda assim, incluir uma xícara de chá verde no dia a dia pode ser uma forma acessível e saborosa de apoiar a saúde cerebral, especialmente para quem não apresenta fatores de risco elevados.

