Pesquisadores revelaram novos mecanismos celulares por trás da esclerose múltipla progressiva (EM), identificando um tipo de célula cerebral que parece ser responsável por inflamação persistente e degeneração neurológica. Essa descoberta pode abrir portas para tratamentos direcionados e mais eficazes, que atuem exatamente onde a doença causa maior dano.
DARGs: células inflamatórias e disfuncionais

As chamadas células gliais radiais associadas à doença (DARGs) apresentam um comportamento incomum. Elas retornam a um estágio inicial de desenvolvimento, mas ao mesmo tempo mostram sinais de envelhecimento prematuro, liberando sinais inflamatórios que prejudicam os neurônios vizinhos.
Estudos indicam que essas células aparecem muito mais frequentemente em pacientes com EM progressiva do que em indivíduos saudáveis, sugerindo um papel central na progressão da doença.
Essa descoberta foi detalhada por Craig Brierley, autor do estudo, na Universidade de Cambridge, reforçando a relevância da pesquisa para a neurologia moderna.
Principais fatos sobre os DARGs:
- Tipo celular raro: células semelhantes à glia radial, essenciais no desenvolvimento cerebral, mas disfuncionais em adultos com EM progressiva.
- Inflamação exacerbada: liberam sinais químicos que aceleram o envelhecimento de células vizinhas e aumentam a neurodegeneração.
- Potencial terapêutico: atuar sobre essas células pode gerar as primeiras terapias capazes de modificar a progressão da EM.
Modelo revela comportamento das DARGs
Para investigar essas células, cientistas transformaram células da pele de pacientes em células-tronco neurais induzidas (iNSCs). Essa abordagem permitiu observar o comportamento celular em laboratório, revelando a presença e a atividade das DARGs.
O modelo também facilitou o estudo das interações entre essas células, neurônios e células imunológicas, fornecendo insights valiosos sobre a inflamação crônica.
Implicações para tratamentos futuros
A identificação das DARGs aponta para novos alvos terapêuticos: medicamentos que modulam ou eliminam suas ações inflamatórias poderiam retardar ou até reverter os danos cerebrais da EM progressiva.
Compreender o perfil molecular e epigenético dessas células também ajuda a criar intervenções mais precisas, aumentando a eficácia de futuras terapias.

