Carros autônomos podem conversar em uma rede social para compartilharem informações de direção

Carros autônomos podem conversar em uma rede social para compartilharem informações de direção

Imagine um futuro em que carros não apenas dirigem sozinhos, mas também conversam entre si como se estivessem em uma rede social. Parece ficção científica, mas é exatamente isso que um grupo de cientistas está tornando possível.

Eles desenvolveram um sistema inovador que permite aos veículos autônomos trocarem informações de forma eficiente, segura e em tempo real, sem depender de servidores centrais. Essa descoberta pode transformar a mobilidade urbana em nível global.

Uma nova forma de “amizade” entre carros autônomos

A estrutura desenvolvida, chamada “Aprendizado Federado Descentralizado em Cached” (Cached-DFL), possibilita que veículos autônomos compartilhem dados sobre direção, tráfego e condições das estradas mesmo sem uma conexão direta entre eles. Em vez de enviar tudo a um servidor central, como ocorre hoje, os carros armazenam os dados localmente e os compartilham quando encontram outro veículo.

Além disso, cada carro funciona como uma espécie de “perfil” com experiências registradas de navegação, como se estivesse em uma rede social. Dessa maneira, um veículo que nunca dirigiu em determinada região pode aprender com outro que já passou por lá.

“Pense nisso como criar uma rede de experiências compartilhadas para carros autônomos”, explica o Dr. Yong Liu, líder da pesquisa.

O impacto da comunicação em rede na eficiência e segurança

Vale destacar que, segundo os testes realizados em uma versão simulada de Manhattan, a troca de informações entre carros dentro de um raio de 100 metros aumentou a eficiência e a precisão da direção. Com isso, os cientistas observaram que os modelos Cached-DFL superaram os sistemas centralizados convencionais.

Por que isso importa? Porque a descentralização reduz os riscos de vazamento de dados e melhora a tomada de decisões em tempo real. Portanto, trata-se de um avanço significativo para a segurança no trânsito e para o futuro da direção autônoma.

“Ao armazenar modelos em cache localmente, reduzimos a dependência de servidores centrais”, afirma Javed Khan, da Aptiv.

Comunicação entre outros dispositivos

Cabe ressaltar que os pesquisadores também vislumbram uma comunicação mais ampla entre veículos e outros dispositivos conectados, como semáforos e satélites, no que chamam de tecnologia V2X (veículo para tudo). Isso porque a descentralização do aprendizado de máquina pode ser aplicada também a drones, robôs e até satélites, tornando todo o ecossistema urbano mais inteligente.

Sendo assim, a pesquisa abre caminho para um mundo onde os carros não apenas dirigem sozinhos, mas aprendem e ensinam uns aos outros. Desse jeito, cada viagem contribui para uma rede de conhecimento compartilhado, promovendo uma mobilidade mais segura, eficiente e colaborativa.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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