Quando o Sol liberou uma ejeção de massa coronal (CME) em maio de 2024, poucos imaginavam que os efeitos iriam muito além das auroras surpreendentes. Um novo estudo mostra que a tempestade, chamada Gannon Superstorm, comprimou a plasmasfera da Terra em 80%, colocando satélites e sistemas de GPS em maior risco de radiação solar.
Análises detalhadas, publicadas na revista Earth, Planets and Space, indicam que o fenômeno teve um efeito prolongado sobre a alta atmosfera terrestre, impactando a densidade de partículas carregadas e alterando a química da ionosfera.
- A plasmasfera caiu de 44 mil km para apenas 9,6 mil km acima da superfície;
- Satélites geossíncronos ficaram mais expostos a radiação intensa;
- Auroras foram observadas em regiões incomuns, incluindo México e sul dos EUA;
- O tempo de recuperação da camada protetora levou mais de quatro dias;
- Alterações ionosféricas geraram efeitos prolongados em sinais de GPS.
Compressão recorde da plasmasfera
O campo magnético terrestre, normalmente capaz de proteger a Terra, foi temporariamente sobrecarregado pelo fluxo de partículas solares. O satélite japonês Arase forneceu dados precisos, revelando que o limite externo da plasmasfera recuou drasticamente, tornando visíveis os riscos de exposição para satélites e equipamentos orbitais.

Esse fenômeno mostra que eventos solares extremos podem afetar significativamente infraestruturas tecnológicas que dependem de órbitas seguras e estabilidade do campo magnético.
Com a compressão da plasmasfera, partículas energéticas migraram para latitudes mais baixas, criando auroras em locais pouco comuns. Esse deslocamento gerou um espetáculo visual que atingiu áreas que raramente presenciam auroras, incluindo estados do sul dos EUA e regiões do México.
Recuperação lenta e consequências prolongadas
O retorno da plasmasfera à sua condição habitual levou mais de quatro dias, evidenciando uma recuperação mais lenta que em tempestades anteriores. A densidade reduzida de íons de oxigênio na ionosfera retardou o reabastecimento da camada protetora, causando uma “tempestade negativa”, com impacto direto na precisão de GPS, comunicação por satélite e equipamentos agrícolas dependentes de navegação por satélite.
O estudo reforça a necessidade de monitoramento contínuo da plasmasfera e desenvolvimento de estratégias de mitigação de riscos tecnológicos. Compreender como a camada protetora reage a CME extremas é essencial para proteger satélites, sistemas de comunicação e redes de navegação, garantindo maior resiliência diante de futuras tempestades solares.

