O acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, segue como uma das principais causas de morte e incapacidade no país. Em média, uma pessoa morre a cada seis minutos no Brasil em decorrência da doença.
Mais do que um problema de saúde pública, o AVC representa um desafio crescente para o sistema hospitalar, que já soma quase R$ 1 bilhão em custos com internações nos últimos anos.
O aumento dos casos e o impacto financeiro
Entre 2019 e 2024, as internações por AVC quase triplicaram, passando de pouco mais de 8 mil para mais de 21 mil casos anuais. Esse crescimento refletiu diretamente nos gastos do sistema de saúde: os custos hospitalares dobraram em cinco anos, alcançando R$ 218 milhões em 2023.
Do total de internações, cerca de um quarto ocorreu em unidades de terapia intensiva (UTI), com média de 8 dias de internação por paciente. A situação demonstra não apenas o impacto clínico da doença, mas também o peso econômico e a sobrecarga sobre o sistema público de saúde.
Como o AVC acontece e quem corre mais risco

O AVC ocorre quando um vaso sanguíneo que leva sangue ao cérebro se rompe ou entope, interrompendo a circulação em uma parte do órgão. Essa falha impede que as células cerebrais recebam oxigênio, provocando a morte neural e, muitas vezes, sequelas irreversíveis.
Os principais fatores de risco incluem:
- Hipertensão arterial
- Diabetes tipo 2
- Colesterol elevado
- Obesidade e sedentarismo
- Tabagismo e consumo excessivo de álcool
- Idade avançada e histórico familiar
Homens são os mais afetados, embora o risco aumente significativamente entre mulheres após a menopausa.
Sinais que exigem ação imediata
Reconhecer os sintomas é essencial para salvar vidas. Os sinais mais comuns são:
- Fraqueza ou formigamento em um lado do corpo
- Alteração na fala ou dificuldade de compreender palavras
Visão embaçada ou perda visual repentina - Dor de cabeça intensa e súbita
- Tontura e perda de equilíbrio
Em qualquer desses casos, procurar atendimento médico imediatamente é crucial. O tempo é um fator determinante: quanto mais rápido o diagnóstico e o início do tratamento, maiores as chances de recuperação sem sequelas.
Prevenção: o caminho mais eficaz
A OMS destaca que cerca de 90% dos AVCs podem ser prevenidos com mudanças simples de estilo de vida. Manter pressão arterial controlada, adotar uma alimentação equilibrada, praticar atividade física regular e evitar o cigarro e o álcool em excesso são medidas fundamentais para reduzir o risco.
Além disso, realizar check-ups periódicos ajuda na detecção precoce de doenças como hipertensão e diabetes, que são os principais gatilhos do derrame.
O avanço dos casos de AVC no Brasil revela a urgência de reforçar a prevenção e o acesso ao diagnóstico rápido. Embora a medicina tenha evoluído em tratamentos, o melhor caminho ainda é impedir que o AVC aconteça. Cuidar do coração, da pressão e dos hábitos diários é, acima de tudo, cuidar do cérebro e da própria vida.