Austrália registra golfinhos usando esponjas como chapéus para impressionar fêmeas

Golfinhos-corcunda usam esponjas como chapéus para atrair fêmeas (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Golfinhos-corcunda usam esponjas como chapéus para atrair fêmeas (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Na costa da Austrália Ocidental, pesquisadores registraram um comportamento surpreendente: alguns machos de golfinho-corcunda-australiano passaram a usar esponjas marinhas como chapéus para atrair fêmeas. Esse fenômeno, completamente inédito, demonstra que a vida marinha pode ser muito mais criativa do que se imaginava. A prática funciona como uma espécie de “presente subaquático”, despertando o interesse das parceiras e fortalecendo o vínculo social entre os animais. Principais pontos desse comportamento:

  • Esponjas marinhas servem como acessórios de sedução;
  • Chapéus apresentam cores e formatos variados, concentrados na Austrália Ocidental;
  • Difere da utilização de esponjas por outras espécies, que buscam proteção ou cura;
  • Demonstra inteligência social e habilidade de manipular objetos;
  • Contribui para a reprodução de uma espécie vulnerável.

Por que golfinhos usam chapéus de esponja?

O uso de esponjas como chapéus vai além da excentricidade. Funciona como um sinal visual que demonstra criatividade e capacidade de inovar, aumentando a atratividade do macho diante das fêmeas. Enquanto golfinhos-nariz-de-garrafa utilizam esponjas na caça ou para evitar ferimentos, os golfinhos-corcunda-australianos encontraram uma aplicação exclusivamente social e reprodutiva, mostrando um comportamento sofisticado e culturalmente relevante.

Chapéus de esponja: curiosa estratégia de sedução dos golfinhos (Imagem: WA Parks and Wildlife Service/ Reprodução Instagram)
Chapéus de esponja: curiosa estratégia de sedução dos golfinhos (Imagem: WA Parks and Wildlife Service/ Reprodução Instagram)

Considerando que a espécie é vulnerável, com estimativas abaixo de 10 mil adultos, estratégias que aumentam o sucesso reprodutivo ganham importância crítica. Em ambientes impactados por atividades humanas, como extração de petróleo e mineração, cada inovação comportamental pode fazer diferença na sobrevivência populacional.

Observações científicas

O Departamento de Biodiversidade, Conservação e Atrações (DBCA) documentou essa prática e publicou os achados em revistas científicas como Marine Mammal Science. O estudo revela como interações sociais e comportamentos culturais influenciam diretamente a reprodução de espécies marinhas. Esse tipo de observação mostra que os golfinhos não apenas sobrevivem, mas também se adaptam e inovam dentro de seus ecossistemas.

Além disso, a descoberta reforça a necessidade de conservação ambiental. Proteger habitats e reduzir impactos humanos ajuda a garantir que comportamentos naturais, como o uso criativo de esponjas, continuem beneficiando espécies vulneráveis

O uso de chapéus de esponja por golfinhos-corcunda-australianos é mais do que uma curiosidade: é uma demonstração de inteligência, adaptação e criatividade. Esse comportamento aumenta as chances de sucesso reprodutivo, contribuindo para a sobrevivência de uma espécie ameaçada. Estudar essas interações fornece insights valiosos sobre o comportamento animal e reforça a importância de preservar os ecossistemas marinhos.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.