Astrônomos capturam 51 exoplanetas em formação em imagens inéditas do espaço

Imagens revelam 51 exoplanetas em formação e discos de poeira (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Imagens revelam 51 exoplanetas em formação e discos de poeira (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A formação de planetas é um processo complexo e fascinante que ocorre ao redor de estrelas jovens. Recentemente, cientistas utilizaram o Very Large Telescope (VLT) para registrar imagens de 51 sistemas estelares com discos de detritos, estruturas que indicam a presença de poeira, colisões e corpos invisíveis moldando futuros planetas. Publicado na revista Astronomy and Astrophysics, o estudo oferece uma visão detalhada de como sistemas planetários se desenvolvem além do nosso.

Essas observações destacam informações valiosas sobre a evolução planetária:

  • Discos de detritos: anéis e cinturões de poeira resultantes de colisões entre asteroides e cometas;
  • Pistas de planetas invisíveis: assimetrias e bordas definidas sugerem a presença de gigantes ainda não detectados;
  • Variedade estrutural: discos estreitos, difusos ou vistos de frente e de lado revelam diversidade nos sistemas;
  • Fluxos de material: alguns sistemas apresentam poeira se estendendo além do plano estelar.

A poeira que conta a história dos planetas

Discos de detritos mostram como planetas nascem em sistemas jovens (Créditos: Engler et al./SPHERE Consortium/ESO)
Discos de detritos mostram como planetas nascem em sistemas jovens (Créditos: Engler et al./SPHERE Consortium/ESO)

Os discos de detritos representam uma fase essencial na evolução de sistemas estelares jovens. Inicialmente, as estrelas se formam a partir de nuvens de gás e poeira, que colapsam para gerar discos protoplanetários. Parte desse material se agrega em planetas, enquanto colisões entre asteroides e cometas produzem poeira fina que permanece nos discos. À medida que o sistema evolui, essa poeira pode ser dispersa pela radiação estelar, absorvida pela própria estrela ou capturada pelos planetas em formação. 

No caso do nosso sistema solar, os remanescentes incluem apenas o cinturão de asteroides, o Cinturão de Kuiper e a poeira zodiacal. Tecnologias avançadas, como o instrumento SPHERE, possibilitam observar sistemas nos primeiros 50 milhões de anos de existência, utilizando coronógrafo, óptica adaptativa e filtros de polarização para bloquear a luz direta das estrelas e aumentar a sensibilidade à luz refletida pela poeira.

Diversidade e pistas para novos planetas

Telescópio VLT captura pistas de planetas invisíveis além do nosso sistema (Créditos: Engler et al./SPHERE Consortium/ESO)
Telescópio VLT captura pistas de planetas invisíveis além do nosso sistema (Créditos: Engler et al./SPHERE Consortium/ESO)

O levantamento mostrou que estrelas mais massivas tendem a apresentar discos de detritos mais densos e que sistemas nos quais o material se concentra mais afastado do centro estelar geralmente possuem maior quantidade de detritos

Além disso, a presença de estruturas assimétricas e bordas internas bem definidas sugere que existem planetas gigantes ainda não detectados. Esses achados fornecem uma lista promissora de alvos para futuras observações com telescópios avançados, como o James Webb e o Extremely Large Telescope, que poderão identificar os exoplanetas responsáveis por esculpir esses discos de poeira.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.