Armadilhas gigantes de pedra na Idade do Bronze surpreendem arqueólogos

Armadilhas de pedra do Bronze surpreendem arqueólogos. (Foto: Gerada por IA via Canva)
Armadilhas de pedra do Bronze surpreendem arqueólogos. (Foto: Gerada por IA via Canva)

A arqueologia acaba de revelar um capítulo surpreendente da história pré-histórica. Pesquisadores descobriram quatro megaestruturas de pedra no Planalto Cársico, na fronteira entre a Eslovênia e a Itália, que podem transformar nossa compreensão das sociedades antigas. 

Provavelmente construídas antes da Idade do Bronze Final, essas construções gigantescas parecem ter funcionado como armadilhas de grande porte para rebanhos de animais selvagens, como veados-vermelhos, exigindo planejamento e coordenação comunitária excepcionais.

Megaestruturas reveladas pelo LiDAR

Sociedades antigas planejavam e caçavam em grande escala. (Foto: Gerada por IA via Canva)
Sociedades antigas planejavam e caçavam em grande escala. (Foto: Gerada por IA via Canva)

A descoberta foi possível graças a levantamentos de varredura a laser aerotransportada (ALS) em uma área de cerca de 870 km². As estruturas, até então desconhecidas, variam entre 530 metros e 3,5 quilômetros de comprimento e lembram as chamadas “pipas do deserto”, conhecidas na Ásia e no norte da África como grandes sistemas de caça pré-históricos.

Embora as paredes remanescentes sejam baixas, entre 0,3 e 0,5 metro de altura, os arqueólogos estimam que originalmente não ultrapassavam 1 metro. Feitas de calcário empilhado de forma solta, as construções apresentam formato de funil com fossos ocultos em suas extremidades, estrategicamente posicionados sobre quedas naturais, criando armadilhas eficientes para animais.

Inovação e engenhosidade pré-histórica

Essas megaestruturas desafiam a ideia de que as sociedades pré-históricas eram simples e isoladas. A construção exigiu esforço coletivo intenso, muito além de unidades familiares, com estimativas de mais de 5.000 horas-homem dedicadas à maior estrutura.

Principais aspectos das construções:

  • Cooperação comunitária para levantamento das pedras
  • Transformação da paisagem em sistemas de infraestrutura de caça
  • Integração ecológica, aproveitando o comportamento natural dos animais

Esses fatores revelam um conhecimento profundo da geografia local e dos movimentos de fauna, destacando a inteligência e a organização social dos construtores.

Impacto histórico e arqueológico

Antes dessa descoberta, evidências de grandes armadilhas de caça na Europa eram escassas. Comparadas às pipas do deserto, essas construções europeias demonstram que sociedades pré-históricas locais possuíam planejamento estratégico e habilidades arquitetônicas avançadas, além de compreensão detalhada da ecologia animal.

A pesquisa, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (2025), sugere que tais sistemas exigiam coordenação coletiva, evidenciando uma sociedade capaz de trabalhar além da esfera doméstica e transformar o ambiente em benefício da comunidade.

A descoberta das quatro megaestruturas pré-históricas no Planalto Cársico não apenas redefine o entendimento sobre as capacidades tecnológicas e sociais das sociedades antigas, mas também mostra como os ancestrais europeus combinavam engenhosidade, planejamento e ecologia para sobreviver e prosperar. 

Essas construções monumentais são testemunhos de um passado muito mais sofisticado do que se imaginava, convidando pesquisadores a repensar o desenvolvimento humano pré-histórico

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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