Quando o frio intenso domina o ambiente e grande parte dos insetos entra em dormência, algumas aranhas continuam se movimentando como se nada estivesse acontecendo. Essa resistência ao congelamento sempre intrigou pesquisadores, e espécies do gênero Clubiona, importantes predadoras naturais em pomares, representam um dos melhores exemplos dessa façanha. Agora, um novo estudo publicado no The FEBS Journal revela a base molecular dessa habilidade: moléculas anticongelantes extremamente eficientes que atuam como um escudo contra o gelo.
Essas proteínas se prendem aos cristais de gelo em formação e impedem que cresçam, garantindo que os tecidos das aranhas permaneçam protegidos mesmo quando a temperatura cai abaixo de zero.
- Aranhas Clubiona seguem ativas em pleno inverno;
- Suas proteínas anticongelantes bloqueiam o crescimento de cristais de gelo;
- As moléculas têm composição exclusiva e diferenciam-se de outros insetos;
- A investigação molecular usou espectrometria de massa;
- A descoberta pode fortalecer o controle biológico agrícola.
A surpreendente química por trás da sobrevivência

A equipe de pesquisa analisou as proteínas anticongelantes utilizando espectrometria de massa, método essencial para entender como essas moléculas funcionam em nível atômico. Embora cumpram funções semelhantes a proteínas identificadas em mariposas e besouros, as moléculas da Clubiona exibem origem evolutiva distinta. Isso significa que surgiram por evolução convergente, mecanismo no qual espécies diferentes desenvolvem soluções similares para enfrentar o mesmo desafio ambiental.
Essa convergência revela o grande valor adaptativo da proteção anticongelante, mostrando como organismos muito diferentes podem, por caminhos separados, chegar a estruturas bioquímicas capazes de resistir ao congelamento.
Impacto direto na agricultura perene
A pesquisa também chama atenção pelo potencial agrícola. Como permanecem ativas nas estações frias, as aranhas Clubiona continuam capturando pragas que ameaçam pomares e outras culturas permanentes.
Isso pode reduzir a dependência de inseticidas e contribuir para mitigar a resistência que surge com seu uso excessivo.Compreender profundamente essas proteínas abre portas para aplicações em biotecnologia, manejo ecológico e no desenvolvimento de estratégias mais sustentáveis para proteger plantações.

