O planeta está ficando mais quente, e isso não é mais apenas uma preocupação ambiental: tornou-se um problema de saúde pública.
De acordo com o estudo Heat Stroke in the Era of Global Warming: A Call for Urgent Action (2025), publicado no Annals of Global Health por Ayesha Khan e Manahil Mubeen, eventos extremos de calor estão acelerando o aumento de casos de insolação, uma condição potencialmente fatal que resulta de uma falha completa nos mecanismos de regulação térmica do organismo.
À medida que ondas de calor se tornam mais longas, mais intensas e mais frequentes, populações inteiras passam a operar em um nível maior de vulnerabilidade. O corpo humano tem limites claros, e a elevação abrupta da temperatura ambiental ultrapassa rapidamente essa capacidade natural de adaptação.
O que muda com o aquecimento global?
Segundo o estudo, a insolação não é mais apenas um evento isolado de exposição excessiva ao sol, mas a síntese de um fenômeno maior: a hipertermia causada por ambientes que se tornam incompatíveis com a sobrevivência humana por horas ou dias seguidos.
Entre os fatores que tornam a insolação mais provável estão:
- temperaturas extremas persistentes
- umidade elevada, que impede a evaporação do suor
- noites quentes, que não permitem a recuperação térmica do corpo
- cidades densas, que criam ilhas de calor
- falta de acesso a sombra, água e climatização em populações vulneráveis
Em combinação, esses elementos criam um cenário em que o corpo entra rapidamente em estresse térmico, levando a danos celulares, inflamação sistêmica e falência múltipla de órgãos.
Perigos subestimados da insolação

A insolação ocorre quando a temperatura corporal ultrapassa 40 °C e o sistema nervoso central começa a falhar. O estudo destaca que, nas últimas décadas, os casos graves evoluíram de forma preocupante, resultando em:
- dano cerebral permanente
- insuficiência hepática
- injúria renal aguda
- arritmias e colapso cardiovascular
- risco elevado de morte quando o resfriamento não é imediato
Outros estudos complementares demonstram que a hipertermia intensa provoca quebra da barreira intestinal, ativação inflamatória acentuada e alterações na coagulação, o que explica o potencial altamente agressivo da condição.
Populações mais expostas aos novos extremos
O artigo ressalta que, embora qualquer pessoa possa sofrer insolação, o aquecimento global amplia o risco especialmente entre:
- trabalhadores expostos ao sol
- idosos
- crianças
- pessoas que vivem em locais sem ventilação ou refrigeração
- indivíduos com doenças cardiovasculares
- populações de baixa renda em centros urbanos
A desigualdade climática transforma a insolação em um problema tanto biomédico quanto social.
Urgência de saúde pública
O estudo afirma que a insolação deve ser classificada globalmente como um problema emergente de saúde pública. Para enfrentar o avanço acelerado dos casos, são necessárias ações imediatas, como:
- ampliar ações de prevenção em períodos de calor extremo
- criar centros públicos de resfriamento
- educar a população sobre sinais precoces
- monitorar populações vulneráveis
- adaptar ambientes urbanos
- estabelecer planos de emergência durante ondas de calor
Além disso, recomenda-se a implementação de sistemas de alerta rápido para orientar a população em situações climáticas críticas.
Por que agir agora é vital?
A combinação de calor extremo, urbanização acelerada e mudanças climáticas intensas está ampliando um ciclo perigoso. O estudo de Ayesha Khan e Manahil Mubeen reforça que a insolação é uma emergência crescente e silenciosa.
Não agir agora significa permitir que o calor ultrapasse a capacidade humana de sobrevivência.Tomar medidas imediatas é a única forma de evitar que a insolação se torne uma das principais causas de mortalidade associada ao clima nas próximas décadas.

