Análise de rochas antigas revela padrão surpreendente no campo magnético da Terra

Novo método explica variações do campo magnético antigo. (Foto: Getty Images / Canva Pro)
Novo método explica variações do campo magnético antigo. (Foto: Getty Images / Canva Pro)

Um grupo internacional de pesquisadores propôs uma nova forma de interpretar o campo magnético da Terra durante o Período Ediacarano, entre 630 e 540 milhões de anos atrás,  uma das fases mais misteriosas da história geológica do planeta. 

O trabalho, publicado na revista Science Advances por cientistas da Universidade de Yale e instituições parceiras, sugere que o magnetismo terrestre naquele tempo não era caótico, mas seguia um padrão global estruturado, abrindo caminho para reconstruções mais precisas da antiga geografia terrestre.

Um período enigmático da história da Terra

Análise de rochas do Marrocos revela padrão magnético. (Foto: Getty Images / Canva Pro)
Análise de rochas do Marrocos revela padrão magnético. (Foto: Getty Images / Canva Pro)

O Ediacarano é conhecido por ser uma era de instabilidade magnética. As rochas dessa época registram variações bruscas nas direções do campo magnético, muito diferentes das observadas em períodos anteriores e posteriores. 

Essa imprevisibilidade dificultava o uso do paleomagnetismo, o estudo das propriedades magnéticas preservadas em rochas, para traçar os movimentos das placas tectônicas e reconstruir os antigos continentes.

Para desvendar esse enigma, a equipe concentrou seus estudos na cordilheira do Anti-Atlas, no Marrocos, onde camadas vulcânicas bem preservadas do Ediacarano foram analisadas com técnicas de alta precisão. 

Amostras de rochas coletadas em campo foram examinadas em laboratório com equipamentos sensíveis capazes de medir variações mínimas no magnetismo original, preservado por centenas de milhões de anos.

Padrão oculto em meio ao caos

Os resultados mostraram que as mudanças no campo magnético ocorriam em intervalos de milhares de anos, e não de milhões, como se pensava. Mais surpreendente ainda, essas flutuações apresentavam uma organização matemática, com deslocamentos dos polos magnéticos ocorrendo em todo o globo, e não apenas ao redor do eixo de rotação.

Essa descoberta levou ao desenvolvimento de um novo método estatístico para interpretar dados paleomagnéticos antigos. A abordagem pode corrigir distorções nas reconstruções geográficas do passado e ajudar a preencher lacunas entre períodos geológicos, permitindo uma visão mais contínua da evolução tectônica e climática da Terra.

Caminho aberto para novos mapas do passado

Ao identificar uma estrutura ordenada no magnetismo ediacarano, o estudo redefine a compreensão sobre o comportamento do campo magnético em eras remotas e pode servir como base para mapear o movimento dos continentes com muito mais precisão. 

A nova metodologia tem potencial para revolucionar a forma como cientistas reconstroem a história magnética do planeta, desde seus registros mais antigos até os tempos atuais.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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