Aminoácido Triptofano encontrado em asteroide Bennu pode explicar surgimento da vida

Asteroide Bennu revela molécula da felicidade e segredos da vida (Imagem: NASA/Goddard/Universidade do Arizona)
Asteroide Bennu revela molécula da felicidade e segredos da vida (Imagem: NASA/Goddard/Universidade do Arizona)

A missão OSIRIS-REx, da NASA, trouxe à Terra material do asteroide Bennu que guarda surpresas fundamentais para compreender a origem da vida. Entre os compostos detectados, os cientistas identificaram pela primeira vez o triptofano, aminoácido precursor de moléculas essenciais como serotonina, melatonina e vitamina B3, reforçando a hipótese de que moléculas orgânicas prebióticas podem se formar em corpos celestes e chegar à Terra por impactos.

Essa descoberta é significativa porque, apesar de já terem sido encontrados 14 aminoácidos e as cinco bases nucleobásicas do DNA e RNA em materiais extraterrestres, o triptofano jamais havia sido detectado devido à sua alta sensibilidade e degradação rápida. A coleta cuidadosa de 121,6 gramas de material de Bennu possibilitou preservar estas moléculas frágeis, oferecendo uma janela rara para estudos sobre a vida primitiva. Principais pontos da descoberta:

  • Primeira detecção de triptofano em material extraterrestre;
  • Confirmação de moléculas orgânicas relacionadas a neurotransmissores e vitaminas;
  • Apoio à hipótese de que impactos de asteroides podem ter trazido precursores da vida à Terra;
  • Relevância para futuras pesquisas sobre origem da vida e astrobiologia.

Por que o triptofano é tão importante?

Triptofano encontrado em Bennu oferece pistas sobre a origem da vida (Foto: NASA/Erika Blumenfeld e Joseph Aebersold)
Triptofano encontrado em Bennu oferece pistas sobre a origem da vida (Foto: NASA/Erika Blumenfeld e Joseph Aebersold)

O triptofano é conhecido como a “molécula da felicidade”, pois é essencial para a produção de serotonina, que regula humor e bem-estar. Além disso, é precursor da melatonina, que controla o sono, e da vitamina B3, vital para metabolismo celular. Sua presença em Bennu indica que processos químicos complexos podem ocorrer em asteroides e outros corpos planetários primitivos, fornecendo blocos fundamentais para a vida mesmo antes de chegarem à Terra.

O asteroide Bennu mede cerca de 500 metros e possui uma pequena chance de colisão com a Terra até o ano de 2300, tornando seu estudo estratégico não apenas para astrobiologia, mas também para gestão de riscos espaciais. A missão OSIRIS-REx permite analisar amostras autênticas sem os efeitos de contaminação terrestre, um avanço crucial para entender como compostos orgânicos se preservam no espaço.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.