Estudo mostra como o cérebro organiza o processo de tomada de decisões

Estudo mostra padrões de atividade em diferentes áreas cerebrais. (Foto: Getty Images / Canva Pro)
Estudo mostra padrões de atividade em diferentes áreas cerebrais. (Foto: Getty Images / Canva Pro)

Um grupo internacional de pesquisadores conseguiu mapear, em detalhes, como o cérebro se organiza durante o processo de tomada de decisões. O trabalho, publicado na revista Nature, analisou a atividade de mais de 650 mil neurônios em 139 camundongos, oferecendo uma visão ampla e integrada sobre como diferentes regiões cerebrais cooperam para definir escolhas.

O avanço muda a forma como a neurociência compreende o pensamento. Antes, acreditava-se que a decisão era centralizada em áreas específicas; agora, as evidências indicam que ela é fruto da comunicação simultânea entre múltiplas regiões, funcionando como uma grande rede conectada.

Como as decisões se formam no cérebro

Atividade cerebral mostra rede de áreas na tomada de decisões. (Foto: Artimas / Canva Pro)
Atividade cerebral mostra rede de áreas na tomada de decisões. (Foto: Artimas / Canva Pro)

Durante os experimentos, os camundongos precisavam responder a estímulos visuais simples, luzes que apareciam em lados diferentes de uma tela. Cada resposta correta gerava um sinal de estímulo, permitindo aos cientistas observar como experiências anteriores influenciam decisões futuras.

As análises mostraram que áreas sensoriais e motoras participam juntas do processo, trocando informações constantemente. Em vez de agir isoladamente, o cérebro combina percepções, memórias e expectativas para chegar a uma escolha final.

Um retrato mais completo da mente

O projeto reuniu 12 laboratórios da Europa e dos Estados Unidos, resultando no primeiro mapa padronizado de 279 áreas cerebrais, que representam cerca de 95% do cérebro do camundongo. Essa colaboração internacional destacou a capacidade da ciência de unir dados, técnicas e metodologias para resultados mais consistentes.

Os pesquisadores apontam que compreender essas redes pode gerar novas abordagens para estudar condições neurológicas complexas, como as que envolvem alterações na forma como o cérebro processa estímulos e decisões. Assim, o mapeamento oferece base para futuros tratamentos mais integrados e personalizados.

Embora o cérebro humano seja muito mais complexo, com cerca de 86 bilhões de neurônios, o estudo abre caminho para modelos de pesquisa que poderão, no futuro, aplicar essa metodologia em humanos. Compreender as redes que sustentam a tomada de decisões pode transformar a forma como entendemos o comportamento, aproximando ciência e bem-estar cognitivo.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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