Ano mais quente do Ártico revela crise climática sem precedentes

Ártico registra ano mais quente e acelera derretimento do gelo marinho (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Ártico registra ano mais quente e acelera derretimento do gelo marinho (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O Ártico enfrenta um cenário climático alarmante: dados recentes indicam que a região registrou seu ano mais quente desde 1900, acelerando transformações que afetam todo o planeta. Entre 2024 e setembro de 2025, as temperaturas superaram em 1,6°C a média histórica, desencadeando alterações profundas nos ecossistemas locais e globais. Este aquecimento extremo já apresenta efeitos visíveis e mensuráveis:

  • Extensão mínima do gelo marinho nos últimos 47 anos;
  • Alterações na circulação oceânica devido ao aumento de água doce;
  • Riscos crescentes para ursos polares, focas e morsas;
  • Amplificação de fenômenos climáticos extremos.

Esses fatores indicam que o Ártico pode vivenciar seu primeiro verão praticamente sem gelo até 2040, possivelmente antes, o que representa uma ruptura sem precedentes na história recente.

Fenômeno da amplificação ártica e seus impactos

O chamado efeito de amplificação ártica explica por que esta região aquece mais rápido que outras áreas do planeta. Esse fenômeno ocorre devido à perda de cobertura de gelo e neve, que expõe oceanos mais escuros capazes de absorver maior quantidade de calor, e ao aumento do vapor d’água na atmosfera, que atua como um “cobertor” retendo calor.

Derretimento no Polo Norte ameaça animais e altera climas globais (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Derretimento no Polo Norte ameaça animais e altera climas globais (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Além disso, existe uma retroalimentação positiva que acelera ainda mais o derretimento e o aquecimento. Esses processos não se limitam ao Ártico, mas contribuem para alterações climáticas globais, afetando correntes oceânicas e padrões de precipitação em diversos continentes.

Consequências ecológicas e climáticas do derretimento

Embora o derretimento do gelo marinho não eleve diretamente o nível do mar, ele provoca impactos ambientais severos, como a redução de habitat para espécies dependentes do gelo, a alteração na dinâmica de caça e reprodução de animais polares e a intensificação do aquecimento global, devido à menor reflexão da luz solar. 

Além disso, o derretimento contribui para a perturbação da circulação oceânica, afetando climas regionais e globais. Estudos publicados em revistas como Nature e Science Advances reforçam que a rápida perda de gelo marinho no Ártico é um sinal crítico de mudanças climáticas aceleradas, exigindo atenção imediata da comunidade científica e a implementação de políticas ambientais globais.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.