Fenômeno magnético sobre o Brasil pode prejudicar satélites e GPS

Anomalia Magnética do Atlântico Sul cresce e pode afetar satélites (Imagem: Fala Ciência via Gemini)
Anomalia Magnética do Atlântico Sul cresce e pode afetar satélites (Imagem: Fala Ciência via Gemini)

A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (Amas) é uma região do planeta onde o campo magnético terrestre se torna mais fraco, criando uma espécie de “falha” no escudo natural que protege a Terra da radiação cósmica e solar. Atualmente, o fenômeno se estende da África até a América do Sul, incluindo o Brasil, e tem aumentado de tamanho nos últimos anos, segundo dados de satélites da Agência Espacial Europeia (ESA) publicados na revista Physics of the Earth and Planetary Interiors.

Essa redução da força magnética permite que partículas carregadas do espaço, como prótons e elétrons, alcancem altitudes mais baixas, interferindo em sistemas tecnológicos e expondo aeronaves e astronautas a níveis maiores de radiação. Entre os impactos mais relevantes, destacam-se:

  • Interferência em satélites de comunicação e monitoramento;
  • Falhas ou distúrbios em sistemas de GPS e navegação;
  • Aumento da radiação em aeronaves que cruzam a região;
  • Possível efeito em instrumentos científicos e monitoramento espacial.

Por que a Amas não afeta diretamente cidades?

Campo magnético enfraquecido sobre o Brasil ameaça GPS e comunicações (Imagem: Fala Ciência via Gemini)
Campo magnético enfraquecido sobre o Brasil ameaça GPS e comunicações (Imagem: Fala Ciência via Gemini)

É importante ressaltar que a anomalidade não causa danos físicos às estruturas urbanas. Seu efeito principal está na fragilização do campo magnético, que funciona como um escudo natural. Assim, enquanto a vida cotidiana na superfície permanece segura, a tecnologia e os equipamentos espaciais são os mais sensíveis ao fenômeno.

Estudos mostram que a Amas não é uniforme: o campo magnético se enfraquece de maneira mais intensa próximo à África, enquanto na América do Sul a redução é mais gradual. Essa diferença sugere processos internos do planeta ainda pouco compreendidos.

A importância do estudo da Amas

Para compreender melhor o fenômeno, a ESA mantém satélites da missão Swarm monitorando o campo magnético terrestre, com pesquisas previstas até 2030. A expectativa é que os dados ajudem a explicar não apenas a Amas, mas também ciclos naturais do magnetismo terrestre e suas implicações tecnológicas.

O acompanhamento contínuo da Amas é crucial para proteger satélites, sistemas de navegação e comunicações, além de auxiliar na prevenção de impactos em missões espaciais e na aviação. Com isso, cientistas podem planejar estratégias para minimizar riscos e garantir segurança tecnológica global, enquanto expandem o conhecimento sobre o campo magnético do planeta.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.