Uma nova explicação radical para o nascimento da Lua

LLVPs podem ter impulsionado a ejeção da Lua do interior da Terra. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
LLVPs podem ter impulsionado a ejeção da Lua do interior da Terra. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A origem da Lua permanece como um dos maiores quebra-cabeças da ciência planetária. Embora o modelo do impacto gigante tenha dominado o debate por décadas, ele enfrenta dificuldades importantes, sobretudo ao explicar por que as rochas lunares apresentam composição quase idêntica às da crosta e do manto terrestres. Esse detalhe, aparentemente simples, desafia simulações clássicas e reacende teorias alternativas.

Nesse contexto, ganha força uma hipótese pouco convencional: a Lua não teria surgido de uma colisão externa, mas de uma ejeção explosiva vinda do interior da proto-Terra. Essa abordagem recupera ideias antigas, porém apoiadas agora em novos avanços da geofísica, da astrofísica e da cosmologia moderna.

Logo de início, essa teoria se destaca por resolver problemas centrais do modelo tradicional, como o balanço do momento angular e a origem comum do material terrestre e lunar. Além disso, ela propõe um mecanismo energético contínuo e natural, capaz de explicar eventos extremos na história do planeta. Em resumo, a hipótese se apoia em três pilares principais:

  • Origem lunar a partir de material do manto terrestre;
  • Fonte interna de energia acumulada ao longo de milhões de anos;
  • Papel estrutural de regiões profundas e instáveis do planeta.

A energia invisível que molda planetas

O motor dessa ejeção seria um processo conhecido como luminosidade Lambda, no qual a energia gravitacional interna de corpos massivos se converte lentamente em calor. Embora sutil, esse fenômeno pode ter efeitos profundos em escalas geológicas. Em estrelas compactas, por exemplo, ele se manifesta de forma intensa; já em planetas, atua de modo silencioso e cumulativo.

Na Terra primitiva, sem tectônica de placas eficiente para dissipar calor, essa energia teria se acumulado principalmente no núcleo. Com o passar do tempo, o excesso térmico criou condições extremas capazes de alimentar um evento explosivo de grande escala.

Como as LLVPs podem ter gerado a explosão que criou a Lua

Modelo lunar explosivo: núcleo aquece, forma proto-LLVPs e ejeção do material lunar. (Imagem: Matthew R. Edwards)
Modelo lunar explosivo: núcleo aquece, forma proto-LLVPs e ejeção do material lunar. (Imagem: Matthew R. Edwards)

Avanços recentes na sismologia revelaram detalhes surpreendentes sobre as chamadas grandes províncias de baixa velocidade (LLVPs), enormes regiões situadas na fronteira entre o núcleo e o manto. Hoje, elas são interpretadas como plumas termoquímicas, funcionando como verdadeiros condutos de calor e elementos leves.

Essas estruturas teriam concentrado energia suficiente para gerar uma explosão localizada, comparável a uma erupção planetária, lançando material terrestre para uma órbita baixa. A partir desse disco, a Lua teria se formado de maneira rápida e estável.

A hipótese da Lua e seus impactos na evolução da Terra

Se confirmada, essa hipótese não apenas redefine a origem da Lua, como também sugere que a evolução da Terra foi guiada por processos internos contínuos. Isso inclui desde a dinâmica do manto até eventos de extinção em massa e mudanças lentas nas órbitas planetárias, que podem influenciar a habitabilidade a longo prazo.

Mais do que uma curiosidade astronômica, essa teoria amplia nossa compreensão sobre como planetas vivos se transformam ao longo do tempo.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.