Uma pesquisa recente trouxe respostas importantes para tutores que já observaram comportamentos estranhos ou dificuldades motoras em seus dálmatas. O estudo financiado pela AKC Canine Health Foundation identificou uma mutação genética inédita, responsável por um tipo novo de doença de armazenamento lisossômico, capaz de causar alterações neurológicas progressivas.
Essa descoberta permite que tutores, criadores e veterinários compreendam melhor os sinais da condição, identifiquem riscos mais cedo e tomem decisões mais seguras sobre a saúde dos animais.
O que os tutores precisam saber sobre a falha celular
Os lisossomos são como o “lixo orgânico” das células, responsáveis por eliminar materiais que não servem mais. Quando uma mutação genética impede esse processo, resíduos começam a se acumular e prejudicam áreas fundamentais do cérebro e do sistema nervoso.
Na prática, os primeiros sinais que um tutor pode perceber incluem:
- Ansiedade fora do comum ou inquietação constante
- Sono irregular ou dificuldade para descansar
- Tropeções, quedas ou perda de equilíbrio
- Desatenção, confusão ou mudança de comportamento
Esses sintomas podem surgir por volta dos 18 meses, mas também podem aparecer mais tarde, ou não aparecer, no caso de portadores que não desenvolvem a doença.
A mutação genética identificada

A variante foi descoberta pela equipe de Gary Johnson, da Universidade de Missouri, e detalhada na revista Gene, no estudo “Doença de armazenamento lisossômico associada a uma variante de sequência CNP em cães dálmatas”.
Essa alteração genética provoca o acúmulo de resíduos no cérebro, no nervo óptico e até no coração, levando à piora progressiva das funções neurológicas.
O padrão hereditário é autossômico recessivo, o que significa:
- Cães com duas cópias da mutação têm maior chance de desenvolver sintomas cedo.
- Cães com uma cópia podem ter sintomas tardios ou leves.
- Cães sem a mutação não apresentam riscos.
Para os tutores, isso reforça a importância dos testes genéticos, especialmente antes de cruzamentos.
Como essa descoberta ajuda o tutor no dia a dia
A identificação da mutação não serve só para pesquisa; ela melhora a vida prática dos tutores. Agora é possível:
- Solicitar um teste genético para saber se seu dálmata é portador.
- Reconhecer sinais precoces e procurar atendimento antes que os sintomas piorem.
- Evitar cruzamentos de risco, reduzindo a chance de filhotes afetados.
- Planejar acompanhamento neurológico, caso o animal tenha maior predisposição.
Além disso, tutores podem conversar com veterinários sobre estratégias de manejo que ajudem o animal a manter qualidade de vida caso apresente sintomas.

