Uma estrutura inesperada registrada pela Mars Express reacendeu o interesse sobre os processos que moldam a superfície de Marte. A imagem mostra uma cratera oval com padrões de ejeção que lembram uma borboleta, resultado de um impacto incomum capaz de revelar como rochas espaciais interagem com camadas geladas abaixo do solo marciano. A forma assimétrica e os lóbulos de material expelido são tão marcantes que se tornaram um novo objeto de estudo nas planícies do norte do planeta.
Antes de avançar nos detalhes da formação, vale compreender os elementos que tornam essa cratera especialmente valiosa para a geologia planetária:
- Impacto oblíquo que gerou ejeção direcionada, formando “asas” irregulares;
- Evidências de gelo subterrâneo derretido, resultando em fluxos de lama;
- Presença de minerais como ferro e magnésio, associados ao vulcanismo antigo;
- Indícios de uma paisagem marcada por mesas elevadas e erosão intensa.
O impacto que moldou a “borboleta marciana”

A colisão ocorreu em ângulo raso, espalhando material para direções preferenciais e dando origem ao contorno semelhante a asas. O núcleo da formação, com cerca de 20 por 15 quilômetros, apresenta textura lisa, reforçando a ideia de que o impacto atingiu depósitos congelados. O calor liberado transformou esse gelo em lama, que escorreu e se espalhou de forma assimétrica, produzindo o desenho singular observado hoje.
Paisagem moldada por vulcanismo e gelo antigo
Ao redor da cratera surgem mesas elevadas com mais de mil metros de altura, marcadas por camadas escuras ricas em minerais. Esses depósitos sugerem um passado de atividade vulcânica, no qual lava e cinzas se acumularam em sucessivos eventos. Com o tempo, erosões profundas expuseram camadas internas, revelando um subsolo variado e complexo.
Crateras com essa morfologia são consideradas raras e servem como verdadeiros registros naturais. Elas ajudam a estimar não somente o ângulo dos impactos, mas também a composição do solo e a presença de água congelada em épocas remotas. Assim, funcionam como pistas valiosas para entender como Marte evoluiu e quanto de seu gelo interno pode ter sobrevivido.
A “borboleta marciana” reforça que impactos, gelo e vulcanismo continuam sendo peças fundamentais para decifrar a história geológica de Marte, um planeta onde cada detalhe preservado na superfície conta parte de uma narrativa antiga e ainda incompleta.

