Surto inesperado transforma Santa Catarina em foco nacional do Aedes aegypti

Cidades catarinenses enfrentam avanço recorde da dengue. (Foto: Getty Images via Canva)
Cidades catarinenses enfrentam avanço recorde da dengue. (Foto: Getty Images via Canva)

A circulação do mosquito Aedes aegypti em Santa Catarina alcançou um nível sem precedentes, reacendendo o alerta em saúde pública. O aumento expressivo de focos, infestações municipais e casos suspeitos indica um cenário que exige atenção imediata. 

O clima atual, com temperaturas elevadas e chuva frequente, cria o ambiente perfeito para a expansão do vetor responsável por doenças como dengue e chikungunya. Com mais de 60% das cidades catarinenses infestadas, o risco de transmissão cresce rapidamente e reforça a importância da prevenção cotidiana.

Crescimento acelerado e impacto direto na saúde pública

A quantidade de focos do Aedes aegypti ultrapassou 62 mil registros, espalhados por 263 municípios. Além disso, o estado contabiliza mais de 134 mil notificações de dengue, entre casos prováveis, investigações e confirmações. O aumento no número de óbitos agrava ainda mais o quadro e evidencia a necessidade de ações imediatas.

Paralelamente, a chikungunya apresenta um avanço ainda mais expressivo, com crescimento superior a 570% em relação ao ano anterior. A doença provoca febre intensa, dor articular incapacitante, mal-estar acentuado e pode evoluir para quadros graves em idosos e pessoas com comorbidades. O avanço simultâneo das duas arboviroses pressiona o sistema de saúde e amplia a vulnerabilidade das comunidades.

Santa Catarina vive momento crítico

A combinação de clima favorável, chuvas recorrentes e práticas preventivas inconsistentes cria um cenário ideal para a multiplicação do mosquito. Pequenos acúmulos de água já são suficientes para permitir a reprodução do Aedes, que completa seu ciclo em questão de dias. Com isso, o vetor se espalha de forma silenciosa por áreas urbanas e rurais, alcançando regiões antes pouco afetadas.

O estado também enfrenta desafios como o fluxo constante de pessoas, que facilita o transporte do vírus entre municípios. Essa dinâmica contribui para a formação de novos surtos e dificulta o controle da transmissão.

Ações essenciais para reduzir a circulação do Aedes

Cuidar dos recipientes com água parada evita novos focos. (Foto: Getty Images via Canva)
Cuidar dos recipientes com água parada evita novos focos. (Foto: Getty Images via Canva)

Para conter o avanço do mosquito, a prevenção doméstica é a medida mais eficaz. Atitudes simples, porém contínuas, impedem que o Aedes complete seu ciclo de vida. Entre as ações mais importantes estão:

  • Eliminar água parada em pneus, garrafas, copos, tampas e pequenos recipientes
  • Descartar corretamente materiais acumulados em pátios, quintais e terrenos.
  • Tratar piscinas com cloro ou mantê-las totalmente vazias quando fora de uso.
  • Manter lagos e tanques limpos, assegurando circulação adequada da água.
  • Lavar potes de animais com sabão e escova pelo menos uma vez por semana.
  • Preencher pratos de plantas com areia e remover água acumulada nas folhas duas vezes por semana.

Essas medidas, quando repetidas de maneira regular, reduzem significativamente o potencial de reprodução do mosquito.

Prevenção precisa fazer parte da rotina

O avanço das arboviroses em Santa Catarina evidencia que a proteção depende de uma ação conjunta. O poder público intensifica estratégias de vigilância, mas o controle do Aedes aegypti só se torna eficaz quando a população incorpora hábitos preventivos contínuos. Quanto mais cedo esses cuidados forem adotados, menor será o impacto da dengue e da chikungunya nos próximos meses.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.